A deputada federal Janete Capiberibe (PSB/AP) registrou, na tribuna da Câmara dos Deputados, o 48º ano desde o golpe militar no Brasil, nos dias 31 de março e 1º de abril de 1964.
“Pela ação dos militares, a serviço de industriais, latifundiários, banqueiros, de parte da grande imprensa, da elite privilegiada, o Brasil foi tirado de um período de agitação cultural e política de vanguarda, de grande mobilização social, com reformas estruturais positivas ao povo brasileiro. Seguiram-se 20 anos de um regime totalitário, de morte, de sangue, de clandestinidade, de exílio. De crimes cometidos pelos agentes do Estado, de supressão das leis, de violência contra qualquer oposição às armas. Ao mesmo tempo, a ditadura fortaleceu os mecanismos de concentração fundiária, de renda e ampliou a desigualdade social, sentidos até hoje”, analisou a deputada socialista, ela mesma.
Fórum– A socialista elogiou a realização, pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, do 12º Fórum Parlamentar de Direitos Humanos, acontecido dia 28 de março. “Apresentamos ao Brasil a Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça. Deputados estaduais e vereadores vão estendê-la às Assembleias e Câmaras para mobilizarmos a Nação em favor da Comissão Nacional da Verdade e do resgate da verdadeira história do Brasil na ditadura”. O Fórum vai estender às casas legislativas de todo o país o resgate do período obscuro da história do Brasil.
Alerta– A deputada Janete alertou que “a violação de direitos ainda é muito presente no cotidiano brasileiro e ainda estão presentes os segmentos que defendem um regime totalitário, de sequestros e assassinatos por agentes do Estado. É preciso mudar esse quadro, avivar na memória os períodos obscuros da história do Brasil para que não se repitam, nem sejam comemorados”.
A deputada insistiu que a presidenta Dilma Rousseff indique “os membros da Comissão Nacional da Verdade, reafirmando a coragem de enfrentar setores retrógrados que demonstrou quando sancionou a Lei 12.528”. Só com a indicação dos membros a Comissão Nacional da Verdade poderá funcionar de fato para resgatar e reescrever parte da história do Brasil.
“Eu sofri, com minha família, o sequestro, a tortura, o exílio durante a ditadura militar. Quero dar conhecimento às novas gerações para que não permitam se repetir esse período de crimes do Estado contra o povo brasileiro. Abaixo a ditadura, os torturadores, os regimes totalitários. Vivam a democracia e o povo brasileiro”, defendeu a deputada Janete. A deputada, seu companheiro João Capiberibe e sua filha mais velha Artionka foram para o exílio em 1971, fugidos da prisão e da violência dos agentes da ditadura militar. Refugiaram-se no Chile, Canadá e Moçambique, antes de voltarem ao Brasil com a Lei da Anistia, em 1979.