O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, oficializou o deputado federal Elias Vaz como presidente da comissão provisória do partido em Goiás, na tarde desta sexta-feira (10), em ato realizado no Hotel Umuarama.
O evento reuniu os senadores Jorge Kajuru (PSB-GO) e Leila Barros (PSB-DF), lideranças socialistas e de outros partidos, membros dos segmentos organizados do PSB (juventude, negritude, mulheres, LGBT e movimento popular), prefeitos, vereadores, presidentes de diretórios municipais e convidados.
Para o presidente nacional, a crise democrática vivida atualmente no Brasil é resultado da falta de fortalecimento e de renovação dos partidos que, incapazes de fazer uma reforma política ampla e profunda de seus quadros e modo de agir, foram afetados pela decisão de mudança da sociedade tomada no pleito eleitoral do ano passado.
“Nem sempre as mudanças são as melhores, mas o povo tem o direito, é o senhor do destino no nosso país e temos que respeitar suas decisões. Se for errada, como acho que o povo errou na eleição presidencial, na próxima tem como corrigir e isso é melhor do que uma ditadura”, disse.
“Todos nós temos que refletir, primeiramente, como cidadãos brasileiros. Depois, como integrantes de um partido, temos o compromisso de que a existência dele só se justifica se tiver um projeto nacional e quiser desenvolvê-lo, não apenas para ganhar na primeira eleição, mas organizando e conscientizando as pessoas”.
Segundo Siqueira, este é o momento de observar claramente que “ESSA Reforma da Previdência NÃO”, fazendo referência ao mote da campanha lançada pelo PSB, na última quarta-feira (8), contra a proposta de mudança no sistema previdenciário do governo de Jair Bolsonaro. “Não é porque não queremos mudá-la ou aperfeiçoá-la. É porque esse governo quer fazer um ajuste fiscal tirando e diminuindo direitos das pessoas pobres e com um discurso enganoso que é para tirar privilégios”, criticou.
O socialista explicou que do valor de R$ 1 trilhão que o governo anunciou de economia em 10 anos com a reforma, quase R$ 900 bilhões serão oriundos do Sistema Geral de Previdência (SGP), no qual a média salarial é de 1 a 3 salários mínimos. “Que privilégios serão cortados se os que ganham muito não estao incluídos no sistema geral?”, questionou. Para ele, trata-se de uma “propaganda enganosa” de Bolsonaro, igualmente como a da reforma trabalhista promulgada no fim de 2018 pelo governo do ex-presidente Michel Temer. “O senhor Meirelles (ex-ministro da Fazenda e da Previdência Social) disse, na época, que a reforma trabalhista geraria três milhões de empregos em um ano. Mas o que vimos é a criação de 2,2 milhões de desempregados”.
Siqueira voltou a afirmar que “o PSB não colocará suas digitais nesta reforma da Previdência, assim como não colocou na trabalhista”. Em 25 de abril deste ano, o Diretório Nacional do partido fechou questão contra o texto aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Já em abril de 2018, também tomou esta decisão contra a reforma trabalhista.
O presidente do PSB ressaltou que o Brasil, como poucos países no mundo, tem grandes potencialidades e possibilidades de crescimento, fazendo com que toda sua população viva com dignidade. Mas, para ele, o problema será resolvido com a união e conscientização da sociedade de que “o país é assim de verdade”, além de uma ampla reforma fiscal e tributária, sem a retirada de direitos e o consequente empobrecimento da população, com a geração de empregos, sem precarização do trabalho e com crescimento econômico por meio de investimentos públicos e privados.
A saída para o país é a política, defendeu Siqueira. “Fora dela não há salvação, não há desenvolvimento, não há criação de lideranças porque as coisas não acontecem espontaneamente, mas sim pela coragem, pelo discernimento, pela capacidade de lideranças importantes de chamar atenção para as possibilidades que a população tem em mãos e podem desenvolvê-las”, afirmou.
“Mesmo quando se tem um presidente ou um outro parlamentar ruim, porque esses passam, mas o país continua e devemos amar e lutar pelo seu desenvolvimento, para transformar a sociedade e o Brasil num país rico, onde todos vivam com dignidade, com educação e saúde públicas de qualidade, empregos dignos, legislação trabalhista que proteja o trabalho, que faça o equilibrio entre capital e trabalho”, defendeu.
O presidente interino do PSB-GO, Elias Vaz, ressaltou que as bandeiras de justiça social e de ética na política precisam ser defendidas por todos aqueles que veem o PSB como uma alternativa para os brasileiros e para os goianos. Ele cobrou ainda o comprometimento de cada militante e filiado com os parâmetros do partido.
“O PSB tem lado e é com aqueles da base da pirâmide, com aqueles que estão sofrendo muito com a crise que estamos vivendo. Que as pessoas que estão no partido saibam que não aceitamos as injustiças sociais e a desigualdade no país. Até porque quem pensa diferente pode ir para outros partidos que defendem a posição da elite”.
Sobre a proposta de reforma da aposentadoria, o atual deputado federal lembrou um questionamento feito ao secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, durante sua participação na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara na última quarta-feira (8). Para Vaz, a solução é “apertar a torneira da renúncia fiscal” e perguntou a Marinho sobre as isenções e icentivos fiscais concedidos pelo governo que custaram R$ 360 bilhões de reais para a União no ano passado. O secretário respondeu que “a reforma tributária é importante, mas difícil de ser realizada porque há muitos interesses envolvidos”.
“Ou seja, em vez de enfrentar os ricos, o governo prefere prejudicar os pobres. E é aí que o PSB precisa se posicionar”, falou ressaltando dois Projetos de Lei protocolizados pela bancada do partido na Câmara, em abril, que visam combater os privilégios de grandes contribuintes e propõem alternativas para a arrecadação da União em meio às discussões sobre a Reforma da Previdência.
A primeira proposta apresentada (PL 1.981/19) estabelece a cobrança de Imposto de Renda Pessoa Física sobre a distribuição de lucros e dividendos. Já a segunda é o Projeto de Lei Complementar nº 9/19, que institui o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF).
“Nós faremos mudanças através da questão tributária e é contra esse tipo de injustiça social que os companheiros do PSB tem que se posicionar contra”, finalizou.
A senadora Leila Barros (PSB-DF) também defendeu o fortalecimento de seu partido e o surgimento de lideranças capazes de governar o país “de forma democrática”. “Esperamos lideranças corajosas, que deem o seu melhor, pensando na população e, sobretudo, não esquecendo de seus ideais. Nós precisamos representar as minorias, os excluídos. Esse é o socialismo. E eu estou nessa luta diária”, declarou.
Novas filiações e visita à Assembleia
Pela manhã, Carlos Siqueira e Elias Vaz abonaram a ficha de filiação de lideranças representantes de trabalhadores rurais do Estado.
Ingressaram no PSB o presidente e o vice-presidente da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Goiás (Fetaer-GO), José Maria Lima e Paulo Célio de Jesus, respectivamente; o diretor da Fetaer-GO, Adão Donizete da Cruz; e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Anicus, Manoel Seteco.
Siqueira também se encontrou com o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Goiás, o socialista Lissauer Vieira.
Assessoria de Comunicação/PSB nacional