Estudo divulgado nesta quarta-feira (21) pelo Observatório das Metrópoles do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia aponta Campinas (SP) como a metrópole com melhor índice de bem-estar no Brasil. Em segundo lugar está Florianópolis (SC), em último, Belém (PA).
O índice leva em consideração itens como mobilidade urbana, condições ambientais, condições habitacionais, atendimento de serviços coletivos e infraestrutura urbana. Os 19 municípios da região de Campinas, no interior de São Paulo, atingiram a melhor colocação no Índice de Bem-estar Urbano. Entre as 15 principais regiões metropolitanas brasileiras analisadas, a de Campinas foi a única a atingir uma avaliação considerada “boa” ou “excelente” de bem-estar.
Administrador da cidade de Campinas desde o início de 2013, o prefeito Jonas Donizette (PSB) não se surpreende com o resultado da pesquisa, pois, para ele, apesar de ser uma metrópole, a cidade conserva características de cidades do interior importantes para a qualidade de vida da população.
“Metade da área é urbana, metade ainda é rural, de forma que conseguimos manter uma grande área verde e muito arborizada”, justifica. Donizette tem como meta superar o índice estabelecido como ideal pela ONU, que é de 12 metros quadrados de área verde por habitante.
Conforme a Estimativa Populacional IBGE em 2012, a Região Metropolitana de Campinas possui 2.866.453 habitantes, distribuídos em 3.647 km². É a nona maior região metropolitana do Brasil, respondendo por quase 3% do PIB brasileiro.
Com IDH médio de 0,835, considerado elevado, nove cidades da Região Metropolitana de Campinas estão no ranking dos 100 municípios brasileiros com melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Quatro delas foram classificadas como municípios com nível “muito elevado” de IDH. É o caso de Valinhos, Vinhedo, Americana e Campinas. Já a cidade de Águas de São Pedro, que integra a região administrativa campineira, tem o segundo melhor IDH do país.
CONTROLE — Desafios não faltarão ao prefeito do PSB para manter a qualidade de vida nesta que é a décima cidade mais rica do Brasil, com Produto Interno Bruto (PIB) que, em 2009, de acordo com o IBGE, chegou a R$ 31,6 bilhões. Um deles é evitar a explosão demográfica e o crescimento descontrolado, principalmente agora que a região se torna conhecida pelo alto índice de bem-estar.
Nem tudo são flores, como faz questão de destacar Donizette. “Ainda temos um déficit habitacional de 40 mil unidades só na cidade de Campinas”. O prefeito avisa que pretende manter o crescimento sob controle reprimindo invasões e investindo em programas habitacionais como o Minha Casa, Minha Vida, em parceria com o governo federal.
No quesito serviços, a cidade “atende muito bem à população”, avalia o socialista, mas é necessário melhorar principalmente os setores relacionados à mobilidade, segurança pública e saneamento básico. “Assumimos com o Ministério Público o compromisso de que, até 2016, Campinas será a primeira cidade do Brasil com mais de um milhão de habitantes a ter 100% de esgoto tratado”, promete.
Os problemas comuns a todas as metrópoles brasileiras também se fazem presentes na região de Campinas. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, treze das 19 cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC) registraram aumento de ocorrências por tráfico de drogas no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período em 2012, enquanto oito cidades registraram aumento de 64,3% nos casos de estupro.
Apesar de a cidade de Campinas haver apresentado baixa de 18,7% no índice de crimes durante o mesmo período considerado, a administração municipal mantém a segurança pública em sua lista de prioridades, e lançou o Programa de vizinhança solidária, que tem a participação da Guarda Municipal e da Polícia Militar. “Queremos que as pessoas se encontrem, se conheçam, e voltem a se preocupar umas com as outras”, explica Donizette.
CREDIBILIDADE— Outra meta que Donizette pretende atingir é de natureza política. “O grande desafio é fazer com que novamente o cidadão se sinta representado pelo poder público”. Ele se refere à quebra de continuidade administrativa sofrida pela cidade nos últimos anos devido à alternância de poder.
Campinas teve, desde a eleição em 2008, três prefeitos diferentes. Em agosto de 2011, o prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT) foi cassado pelos vereadores da cidade sob a acusação deomissão e negligência em supostas fraudes em contratos públicos.
O vice de Hélio, Demétrio Vilagra (PT), assumiu o cargo até ser afastado da prefeitura, em dezembro de 2011. O ex-presidente da Câmara Municipal Pedro Serafim (PDT) tornou-se prefeito e concorreu nas eleições de 2012, mas não passou para o segundo turno, no qual se elegeu Jonas Donizette. “Minha administração quer recuperar a credibilidade do setor público junto à população”.
Uma das medidas para tentar reabilitar a credibilidade do Poder Público junto à população foi o lançamento do Programa Anticorrupção, já no primeiro mês de mandato de Donizette. “Todos os integrantes do primeiro escalão têm que declarar os impostos e a variação de patrimônio todos os anos publicamente”, explica o prefeito.
Outro programa para aproximar a população da administração da cidade é o “Auditor-Cidadão”. “Nomeamos pessoas anônimas, que usam os serviços da prefeitura e comunicam à própria administração como estão sendo tratadas, relatando desde fatos relacionados ao atendimento básico, até pedidos de propina”, diz Donizette. A identidade destes cidadãos é resguardada para que possam fazer qualquer tipo de denúncia, que será então averiguada.
O novo prefeito acha que os eleitores estão cansados da alternância de prioridades na administração. “Tenho me preocupado em garantir programas que já haviam sido iniciados e estavam parados. A pior obra é aquela que não é concluída, pois há dinheiro público ali e a população não está vendo beneficio”, sentencia.
Donizette define o primeiro ano de sua administração como “uma fase de ajuste de contas e de retomadas de obras importantes para a cidade, tais como a revitalização de espaços públicos, de lazer, comunitários, voltados para a educação e para a saúde. “Estamos desenvolvendo um trabalho de reconstrução da cidade neste aspecto”.