A economia do DF e do Entorno foi o tema da quarta audiência sobre o desenvolvimento integrado da região. O ciclo de debates foi proposto pelo senador Rodrigo Rollemberg (PSB/DF). Todos os convidados destacaram que a industrialização do DF e do Entorno é a única saída para a região. A geração de emprego e de renda precisa ser descentralizada, e não mais focada apenas no Plano Piloto, que está saturado. O encontro aconteceu na manhã desta segunda-feira (28), na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado.
Além do senador Rollemberg, participaram do debate o diretor-superintendente da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), Marcelo Dourado; o presidente do Banco de Brasilia (BRB), Jacques Pena; o diretor de Gestão e Informações da Codeplan, Júlio Miragaia; o presidente do Sinduscon/DF, Júlio Cesar Peres; e o representante da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do DF, Apolinário Rebelo.
Marcelo Dourado destacou a importância de uma ação conjunta dos governos Federal, do DF e de Goiás para a solução dos problemas da região. “Só com a atuação dos três governos poderemos enfrentar s problemas da Região Integrada de Desenvolvimento do DF e Entorno, a Ride”, resumiu Dourado. Diante disso, a Sudeco foca sua atuação na região em três eixos principais: inclusão produtiva, econômica e social; infraestrutura; e meio ambiente. Dourado apresentou ainda os programas desenvolvidos pela Sudeco. “É fundamental que a Ride tenha investimentos, para que os programas possam ser implementados”, destacou.
Para Júlio Miragaia, o Entorno tem um elevado índice de desemprego e uma forte dependência em relação ao DF. O diretor da Codeplan falou da necessidade de implementação de políticas públicas para redução das desigualdades regionais e, assim como Dourado, da importância da ação articulada dos governos do DF, de Goiás, dos municípios metropolitanos e do Governo Federal para o equacionamento dos tantos problemas da região. “O fosso da desigualdade vai se agravando e não vemos medidas concretas para resolver as questões”, lamentou. Ele destacou também a necessidade de um plano de desenvolvimento regional sustentável do DF e Entorno. "Temos de promover a diversificação das atividades econômicas para ampliar a capacidade de arrecadação e de investimentos, além de aumentar o número de empregos, uma estratégia que deve envolver os três níveis de governo, para plantar a semente do desenvolvimento nesta região”, resumiu, ao prever que trata-se de um projeto para ter resultados concretos nos próximos dez ou 15 anos.
Jacques Pena também defendeu o planejamento de políticas públicas de longo prazo. “Não há desenvolvimento regional de uma perna só, precisamos pensar em toda a região Centro-Oeste”, destacou o presidente do BRB. “Não existe outra saída, a não ser industrializar o DF”, resumiu Pena, ao citar o Parque Tecnológico Capital Digital como grande atrativo de investimentos para a cidade e a região. “Não podemos nos acomodar, temos de querer mais industrialização, faz parte de um processo claro de desenvolvimento dos próximos anos”, reforçou Pena.
Julio Cesar Peres também falou da necessidade de implantar indústrias não poluentes no DF. “Temos de redirecionar a geração de empregos, especialmente dos setores de comércio e de serviços, para as cidades satélites e o Entorno, para diminuir a pressão sobre o Plano Piloto”, disse o presidente do Sinduscon. Ele enumerou alguns problemas da região, como a falta de uma política habitacional, a descontinuidade das políticas de transporte coletivo e a grande dependência administrativa e financeira das cidades satélites, assim como a saturação do Plano Piloto.
Por último, Apolinário Rebelo destacou que a melhor forma de preservar Brasília é desenvolver sua região metropolitana. “Precisamos de uma nova plataforma de desenvolvimento, temos de pensar o crescimento para os próximos 50 anos, com industrialização”, afirmou. O representante da Secretaria de Desenvolvimento Econômico traçou sete eixos para um projeto completo de desenvolvimento do DF e do Entorno. A estratégia inclui a substituição das importações; a industrialização da região; a implantação do Parque Tecnológico Capital Digital e de um Centro de Estudos e Conhecimentos; o desenvolvimento de um centro de turismo, eventos e negócios; articulações políticas e institucionais para o desenvolvimento da região; e a sustentação política e financeira para esse desenvolvimento. “Este tipo de debate que estamos fazendo hoje é extremamente rico e necessário para o nosso desenvolvimento”, finalizou Rebelo.
Ao final, o senador Rollemberg lamentou a ausência do representante do governo de Goiás. O parlamentar criticou a desorganização do processo de crescimento de Brasília e a necessidade de retomar o caminho do desenvolvimento. “Precisamos descentralizar esse desenvolvimento”, afirmou. Como exemplo, citou a Copa do Mundo. “O estádio que está sendo construído recebe um enorme volume de investimentos e, mais uma vez, é no Plano Piloto”, lembrou. “Deveríamos estar gerando empregos em outro eixo do Distrito Federal, para descentralizar o crescimento econômico, mas estamos agravando os problemas do DF”, apontou.
“Tivemos hoje contribuições valiosas para o debate, vamos fazer outra rodada de discussão com proposições mais concretas”, adiantou Rollemberg, referindo-se a um próximo encontro que deve ocorrer em junho. “Precisamos, sem dúvida, descentralizar o nosso desenvolvimento. Os pólos tecnológicos de Brasília precisam deixar de ser discurso e serem implementados, junto com outros investimentos no Entorno”, acrescentou. Para ele, DF e Goiás não podem disputar, devem se unir para garantir estrutura para a instalação de empresas na região. “Temos de mudar a lógica do nosso desenvolvimento”, resumiu. “A responsabilidade do Entorno é conjunta: do DF, de Goiás e do Governo Federal. Devemos fazer um pacto de desenvolvimento de nossa região, e todas as contribuições dadas hoje foram importantíssimas”, concluiu Rollemberg.