Presidente Nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, esteve na manhã desta terça-feira em São Paulo, para participar de conferência com empresários sobre os desafios para o Brasil nos próximos quatro anos. O socialista reforçou a importância de uma gestão pública transparente e voltou a defender a investigação de denúncias envolvendo contratos da Petrobrás na aquisição da refinaria Pasadena, no Texas (EUA). “Todo o partido está empenhado em pedir agilidade na investigação do Ministério Público e, se necessário, a convocação e instalação de uma CPI pelo Congresso Nacional”, afirmou Campos. Para o socialista, a oposição está engajada para que o trâmite seja acelerado. “No cenário atual, nada impede que sejam colocados todos os mecanismos de investigação para essa questão. Não podemos deixar que vire um tema de palanque, como vimos muito em 2010”, disse.
O governador participou do evento promovido pela American Society e Council of Americas na capital paulista, que incluiu painéis de debate com grandes nomes do jornalismo e da economia brasileira. Em sua apresentação, Campos lembrou a evolução da democracia brasileira, desde os anos 80, e voltou a apontar os gargalos da atual gestão – as crises política e energética, a queda da produtividade da indústria e as lacunas em projetos de educação e desenvolvimento. O socialista destacou que a sociedade, agora, pede por novas mudanças e está mais consciente de seus direitos e deveres. “Tenho certeza de que essa resposta virá nas urnas, em outubro, e a sociedade vai derrubar o outro pedaço do muro que não conseguiu em junho. Essa mudança política é fundamental para restabelecer a confiança da população brasileira no sistema político”, afirmou.
Política interna e externa
Presidenciável do PSB, Campos adiantou sua visão para a política externa brasileira, um dos temas da conferência, e destacou a necessidade de novas ações, que permitam ao País uma maior participação no cenário macroeconômico mundial. “Temos de ampliar o diálogo internacional, com toda a América Latina, Estados Unidos e União Europeia; realizar parcerias comerciais e acordos bilaterais; buscar investidores para alavancar o crescimento e rever inclusive o papel do Mercosul”, explicou.
Após a conferência, em conversa com jornalistas, ele abordou temas centrais da política nacional, como o aparelhamento da máquina pública e o Bolsa Família. O socialista informou que manterá o benefício em um futuro governo seu, como uma conquista da população brasileira. “Vamos trabalhar regras mais claras e investir na educação, para que as filhas do Bolsa Família não se tornem mães do programa, e tenham oportunidades de trabalho e geração de renda”, completou. Em paralelo, Campos defendeu o enxugamento da estrutura administrativa do governo, com a redução dos atuais 39 para, no máximo, 20 ministérios. “É fundamental, ainda, contar com um time de primeira linha, não apenas voltado para o fisiologismo partidário, mas por um governo que tenha coragem e ousadia”, reafirmando a defesa da meritocracia como ferramenta fundamental para a boa gestão.
No que tange o setor elétrico, Campos destacou que o Brasil tem um dos mais respeitados sistemas em todo o mundo, mas que é necessário diversificar os investimentos, para eliminar a sobrecarga atual, que vem comprometendo a qualidade do serviço prestado à população. “Temos de investir em novos projetos de hidrelétricas, em eficiência energética, fontes de energia renovável, como a eólica e a solar; e a geração distribuída. Além disso, é preciso reerguer a Petrobrás como principal empresa do País no setor, já que, nos últimos três anos, ela perdeu metade de seu valor”, afirmou.
O governador de Pernambuco também comentou a queda da nota do Brasil na avaliação da agência de riscos Standard & Poor´s, que rebaixou o País de BBB para BBB-, mas ainda mantendo como investment grade.“Já era uma notícia que vinha sendo anunciada. O governo fez movimentos para postergar para depois das eleições, mas não conseguiu, o que demonstra a dificuldade da condução da política e da economia do País hoje, e a sociedade tem a oportunidade de dar a resposta nas urnas, em outubro”, completou.
Pernambuco: exemplo de sucesso
Em entrevista concedida à American Society, após a conferência, o governador de Pernambuco e presidente Nacional do PSB, Eduardo Campos reforçou os resultados positivos obtidos em seu governo – o socialista foi reeleito para o cargo em 2010, com mais de 80% dos votos dos pernambucanos. “Revitalizamos a indústria naval, de petróleo e energia, incrementando a expressão da indústria local no PIB nacional. São conquistas que reforçam que nosso programa de trabalho vem sendo cumprido”, avalia Campos, que destacou também os investimentos em educação e segurança pública. O estado de Pernambuco cresceu, em seu governo, acima da média nacional (3,5% em média), e vem batendo recordes sucessivos de investimentos.