Em sabatina na Confederação Nacional da Indústria (CNI) em Brasília, nesta quarta-feira (30), o candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, apontou o primeiro passo para uma mudança significativa no Brasil. "Nós precisamos compreender que a solução, antes de ser na economia, é na política. O presidencialismo de coalizão não vai levar o Brasil para um bom lugar, só vai levá-lo para trás", disse em seu discurso de abertura no encontro.
Para Campos, essa coalizão de partidos "esclerosou e faliu" e, por isso, precisa ser revisto para viabilizar as mudanças que possibilitem tornar o país mais competitivo. "E eu tenho a confiança de dizer aos empreendedores brasileiros que eu e Marina [Silva] representamos a única possibilidade de quebrar o presidencialismo de coalizão e unir o Brasil em torno de uma nova visão de desenvolvimento e de governança", falou a mais de 700 empresários de todo país.
O novo padrão político que se exige, segundo Campos, é um software que compreende o que acontece no mundo para levar o Brasil a um ambiente seguro para investir e que anime os investidores.
"O Brasil vive o desafio do desenvolvimento industrial para fazer o setor sair da estagnação. Essa situação exige de nós uma reflexão profunda, pois os responsáveis somos todos nós. Temos potencialidades enormes, temos desafios antigos e novos criados na conjuntura mais recente do país por uma governança macroeconômica que precisa ser revista", explicou.
Em seguida, o presidenciável abordou assuntos que foram tema de estudos por parte da CNI. Esses estudos traçam diagnósticos do cenário atual e trazem propostas de melhorias do ambiente de negócios brasileiro. Desde as eleições de 1994, a CNI entrega propostas aos candidatos à Presidência. Foram ao todo, 42 estudos, divididos em dez fatores-chave. A seguir, um resumo do discurso de Campos sobre os principais itens.
Educação – "O desafio da educação é a inovação. Não se trata apenas de uma peça de retórica, mas é aposta de orçamento, é rever os currículos, é reimplantar a escola brasileira, é acabar com o apartheid que há hoje entre a escola do rico e a escola do pobre. Enquanto tivermos isso, não teremos um país justo nem produtividade na economia de classe mundial, como as grandes nações. O lugar onde o Brasil vai decidir o seu futuro é na escola e esta será a década da educação no Brasil, para superarmos a dificuldade de formar técnicos em áreas de profunda importância."
Ambiente macroeconômico – "Precisamos passar segurança para o mundo e para o Brasil, de uma governança macroeconômica que tenha responsabilidades, que não faça política de curto prazo, que valorize o planejamento, o contrato, que dê segurança para muita gente pelo mundo investir no Brasil. É exatamente a governança macroeconômica que vai nos levar a base de sustentação ao lado de um novo sistema político que permita avançarmos no sentido de um foco na produtividade."
Eficiência do Estado e infraestrutura – "O que precisamos nessa área é de uma palavrinha mágica chamada gestão. O Estado tem que ter a capacidade de acompanhar todos seus projetos até o fim. Desde 2002 que a infraestrutura pública e privada não passa de 2,5% do PIB, precisamos alavancar isso entre 3,5 e 5%. É preciso não ter preconceito com o lucro num país capitalista. Esse preconceito mata o investimento, que por si mata o crescimento e a prosperidade."
Relações de trabalho – "Não há nesse país como pensar em discutir as regras no mundo do trabalho tirando o direito dos trabalhadores. Também não dá pra gente seguir assistindo o Brasil ser o país com maior quantidade de reclamações trabalhistas do mundo. Estamos maduros para começar esse debate e obter o fortalecimento dos sindicatos dos trabalhadores e dos empresários. O Brasil quer ética, trabalho, mérito, competência e coragem."
Tributação – "Não dá pra fazer reforma tributária do dia pra noite, e aí temos entraves que fazem o atual sistema matar a indústria, matar o investidor. Como presidente da república, enviarei a reforma na primeira semana de governo ao Congresso Nacional e vou tomar conta da população pessoalmente. Ela entrará em vigor em alguns aspectos imediatamente e outros de forma sequenciada, para que possamos negociar com capacidade política a superação do sistema falido."