O presidente Nacional do PSB, governador de Pernambuco, Eduardo Campos, afirmou nesta sexta-feira (21), durante inauguração de obras em Petrolina (PE), que a pesquisa Ibope sobre os favoritos a Presidente da República nas eleições 2014, divulgada ontem, não está sendo lida da maneira correta.
“Ela foca apenas no candidato com maior número de intenções de voto, quando a leitura fundamental numa consulta dessas está em outra pergunta – se as pessoas querem permanecer com o mesmo governo que está aí ou se querem mudanças”, apontou Eduardo Campos. Ele aparece em terceiro lugar na pesquisa, com 6% das intenções, contra 40% da Presidente Dilma Roussef.
Campos ressaltou que, com o critério de se priorizar somente os nomes em quem o eleitor votaria, levam vantagem os candidatos mais conhecidos. “Porém, se forem ler a mesma pesquisa por dentro, ela mostra que, hoje, a maioria dos brasileiros quer mudanças no Brasil”, apontou.
O socialista comparou a situação com a época da campanha eleitoral da própria Presidente Dilma, em 2010. Segundo ele, o mesmo instituto Ibope divulgava, em pesquisas realizadas no início do ano eleitoral, como a de agora, que o candidato José Serra seria o mais votado, com 40% dos votos.
“Coincidentemente, é o mesmo número que a Presidente Dilma tem na pesquisa de agora. Ela não era conhecida do eleitor, enquanto Serra já tinha sido ministro da Saúde, senador, prefeito e governador de São Paulo”, lembrou. Entretanto, ganhou a eleição. “Se tivessem atentado para a outra pergunta da pesquisa na época, 77% dos ouvidos responderam, ao mesmo tempo, que queriam a continuidade do governo do Presidente Lula. Quem lesse a pesquisa por dentro perceberia, assim, que Serra era um candidato que não iria lograr êxito”.
Quatro anos depois, compara Eduardo Campos, a candidata com o maior número de intenções de voto nas pesquisas é a própria Presidente da República, mas num momento em que as consultas indicam que 70% do povo brasileiro quer mudanças profundas no país, como deixaram claro as manifestações de junho.
Mudança –“Essa é a ‘pegada’ que precisa ser avaliada na pesquisa, porque é isso que vai dar na eleição: mudança. O Brasil quer ter esperança de dias melhores, quer ver o otimismo vencer o desânimo que está se abatendo sobre o país”, afirmou. “Estou completamente tranqüilo com relação a estes resultados da pesquisa, porque sei onde vai dar essa nossa luta, sei o que vamos enfrentar até o dia da eleição, mas também sei que nós vamos vencer”.
Segundo Eduardo Campos, um dos problemas que leva os brasileiros a quererem mudanças na política atual é a preocupação com os rumos da economia. “Nós temos uma constatação que o povo também tem: a Presidente Dilma foi eleita para melhorar o Brasil e o Brasil não tem melhorado. O Brasil parou de melhorar sob o comando dela”, destacou.
O país, exemplificou, está crescendo a metade da América Latina, a metade do crescia no tempo de Lula, a inflação está batendo na porta de volta, as contas brasileiras estão se desarrumando, o setor elétrico enfrenta uma grave crise. “São R$ 61 bilhões que o estado brasileiro precisa conseguir para pagar a conta do petróleo, da energia elétrica, e nós estamos profundamente preocupados com isso”.
O presidente Nacional do PSB afirmou ainda que tem consciência de que o caminho até as urnas em 2014 não será fácil, ao contrário, mas que é o caminho mais bonito. “Porque é o discutir o Brasil do futuro, o Brasil que nós queremos. Como dizia o poeta, o futuro nos interessa porque é o lugar em que todos nós queremos viver o resto da vida”, citou ele. “Cuidar do futuro é fazer um debate sério sobre 2014. Não pode ser um ‘nós e eles’, como se tudo estivesse normal. Não pode ser um jogo do medo querendo vencer a esperança, porque a esperança vai vencer o medo de novo em 2014”.
Para Eduardo Campos, a sociedade, especialmente os jovens brasileiros, não se identificam com o que assistem na TV sobre a atuação dos políticos no Congresso Nacional. “Por isso foram pra rua em junho e derrubaram um pedaço do muro que separa o mundo real, onde eu também vivo, daquele mundo de Brasília. O outro pedaço do muro vão derrubar nas urnas, pode escrever, é isso que estão dizendo as pesquisas”, apontou.
Petrobrás –Campos também falou da preocupação com a questão da Petrobrás – uma empresa cinqüentenária, que tem atuação global e é referência em sua área, com corpo técnico super qualificado e especializado. “Não há como entender que, em apenas três anos, passe a valer metade do que valia, esteja quatro vezes mais endividada do que em 2010, quando a Presidente Dilma assumiu, inclusive se desfazendo de patrimônio”, criticou, lembrando que, no período, a Petrobrás vendeu várias operações na África e na América Latina. “Agrava ainda mais o quadro a estatal estar envolvida em operações com prejuízo bilionário, como essa da compra da refinaria nos Estados Unidos que está sendo noticiada”.
Para o socialista, o momento é grave e requer que se defenda a Petrobrás, “porque com isso estamos defendendo o nosso país, que não pode perder um patrimônio e um legado dessa importância”.