O presidente Nacional do PSB, governador de Pernambuco Eduardo Campos, afirmou nesta quinta-feira (27), após reunião dos presidentes dos partidos da base aliada do Governo com a Presidenta Dilma Roussef, no Palácio do Planalto, que todos foram unânimes sobre a necessidade de se promover uma reforma política no país e que a sociedade precisa ser ouvida para isso. “Ainda, majoritariamente se entende que é preciso ouvir a sociedade antes de se criar as novas regras, para que um balizamento das reivindicações populares seja dado ao Congresso Nacional”, revelou.
Campos ainda explicou que o grupo não chegou a discutir quais as perguntas que devem ser incluídas no plebiscito e que também não ficou estabelecido se a reforma política deve ser concluída a tempo de funcionar para as próximas eleições. “Alguma coisa deve valer já pra 2014, mas nem todo o conjunto da reforma necessariamente valerá para as eleições do ano que vem”, informou. “Isso é uma decisão que deve surgir do debate no Congresso Nacional e que pode ser, inclusive, objeto do próprio plebiscito – se a população acha que todas as regras devem valer imediatamente ou não”.
Na avaliação de Eduardo Campos, a sociedade foi às ruas para melhorar a democracia e a representatividade política no Brasil e os agentes políticos precisam agora interpretar esse fato social e dar a ele um curso dentro da institucionalidade. “Que é o que têm procurado fazer a Presidente Dilma e os presidentes dos outros Poderes constituídos”, apontou.
Além de Campos, participaram da reunião os presidentes de partido Gilberto Kassab (PSD), Alfredo Nascimento (PR), Carlos Lupi (PDT), Renato Rabelo (PC do B), Rui Falcão (PT), Valdir Raupp (PMDB), Ciro Nogueira (PP), Marcos Pereira (PRB) e Benito Gama (PTB).O vice-presidente da República, Michel Temer, e os ministros Aloizio Mercadante (Educação), Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e José Eduardo Cardozo (Justiça), também estiveram presentes.
Campos anunciou que na próxima semana a Presidenta Dilma já deve enviar ao Congresso os pontos que vieram não só do diálogo com os partidos mas também com as demais entidades da sociedade que foram ouvidas por ela. “Sabemos que agora vai haver muitas entidades recolhendo assinaturas para propor projetos de iniciativa popular e o Congresso vai poder então, em decidindo pelo plebiscito, ouvir objetivamente a sociedade brasileira”, adiantou. “Assim, teremos os balizamentos que não foram construídos nesses mais de 20 anos de democracia porque muitas vezes o interesse da reeleição de A ou B ou o interesse desse ou daquele partido terminaram por inviabilizar uma reforma política que se aproxime daquilo que o povo brasileiro deseja”.
Valores democráticos –“Acho muito importante que a sociedade brasileira faça – e continue a fazer – essa reflexão sobre esse momento por que o Brasil passa”, declarou Eduardo Campos em entrevista coletiva no Palácio do Planalto após a reunião. Segundo ele, a sociedade que foi às ruas no país inteiro para melhorar o Brasil o fez para reivindicar mudanças em políticas públicas em nível dos municípios, estados e da União, mas, também, para reclamar valores importantes à consolidação da vida democrática.
“A sociedade foi às ruas para melhorar a nossa democracia e a representatividade política. E nós todos – os partidos políticos e as forças políticas no Brasil – precisamos compreender a distância que se estabeleceu entre a sociedade e sua representação”, ressaltou. “É como se os governos e também os partidos ainda estivessem analógicos ou pré-analógicos e a sociedade digital”. Para o presidente Nacional do PSB, será preciso usar essas mesmas ferramentas digitais (as redes sociais da internet que mobilizaram as manifestações) para fazer com que a opinião da sociedade se expresse na vida dos Poderes, do Estado brasileiro, e possa, assim, alimentar a renovação “que queremos seja cotidiana e sempre para melhor”.
De acordo com Campos, cabe ao Congresso Nacional promover o debate sobre o plebiscito para a reforma política, porém, o que valoriza efetivamente a medida e é o fator mais importante no processo é o que veio das ruas do Brasil: um enorme desejo de participar. “Fomos instados a abrir a participação da sociedade para dizer como nós podemos fazer com que a representação política esteja mais próxima dos interesses, dos objetivos e dos sonhos das pessoas, a fim de que possamos avançar agora, além dos avanços já alcançados no país, também na direção das pautas que são individuais, de segmentos, de cidades, de comunidades e de regiões do Brasil”.
Em resumo, Eduardo Campos acredita que há a compreensão de que todas as instituições estão desafiadas a dar respostas. “E isso só aconteceu porque o povo se expressou nas ruas, é preciso que se tenha a clareza disso e que todos possam rever erros, falhas que foram cometidas”, ponderou.
Segundo ele, essa é a disposição nesse momento nos partidos da base – de ajudar a Presidenta Dilma a dar sequencia ao esforço que tem feito de ouvir a sociedade e dar consequência aos reclamos da rua no Brasil. “Que a gente possa fazer com que toda essa energia faça bem ao Brasil e renove a política. Não tem outro caminho, o povo brasileiro já mostrou, agora, trata-se de organizar as regras para que essa renovação fortaleça a democracia, a representação e a participação cada vez mais direta da população”.