Nós só podemos mudar e renovar a política se estivermos organizados como militantes do partido, sabendo o que defendemos, o que queremos e o que podemos contribuir com o partido. Ser de esquerda não é uma concepção de partido, é uma concepção de vida e de mundo
O Partido Socialista Brasileiro (PSB), em parceria com a Fundação João Mangabeira (FJM), inaugurou na noite desta quinta-feira (27) o curso de formação política “Manifesto e Programa do PSB: da Autorreforma ao Socialismo Criativo” para capacitar os militantes com conhecimento teórico sobre o novo programa partidário.
A aula inaugural foi ministrada pelo presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), na sede da fundação. Também integraram a mesa de inauguração o secretário Nacional de Formação Política do PSB, Domingos Leonelli, o vice-presidente da FJM, Alexandre Navarro, e a deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA).
Em sua fala, Siqueira cumprimentou a todos os militantes e lideranças presentes no evento e destacou que o curso é bem formulado, orientado por professoras renomadas, e importante porque inicia um processo de conhecimento mais profundo dos novos programa e manifesto do PSB.
Siqueira explicou que o PSB se diferencia por ter nascido sob os signos do socialismo e da liberdade, sendo, portanto, um socialismo que defende pressupostos como a conquista do poder pelo voto, a alternância do poder sempre que a população assim decidir, as liberdades de ir e vir, de religião, de imprensa, de opinião. “Liberdade no sentido mais amplo. O socialismo é uma conquista permanente e de cada dia”, pontuou.
Segundo ele, há características próprias do socialismo do PSB que precisam sempre estar presentes e que não se pode abrir mão delas. “Nós, socialistas, achamos que as soluções dos problemas individuais e coletivos devem ser de forma coletiva, organizando a população, os trabalhadores e todos os setores da sociedade, em sua maioria, para lutar pela hegemonia do poder. Esse é o diferencial que nós temos. E também defendemos o direito a uma vida digna, ao trabalho digno, à educação e saúde de qualidade, universais e gratuitos, os direitos sociais que acompanham a liberdade, e também a igualdade de oportunidades”.
Sobretudo para quem vai fazer o curso, Siqueira disse que é importante que se mostrem as diferenças fundamentais do socialismo defendido pelo PSB. “O Partido Socialista Brasileiro, de 1947 até um ano e meio atrás, tinha um manifesto e um programa que não eram estes que vamos estudar. Eram outros. O manifesto, na essência, nada mudou porque o Partido Socialista Brasileiro é, como todos sabem, oriundo da esquerda democrática que nasceu naquele então com uma visão muito peculiar para a época, porque nós estávamos em pleno stalinismo. […] É muito bom que todos os militantes tenham muito claro o que foi o socialismo do passado, que não existe mais, e o que é o socialismo que o PSB defende. Os fundamentos filosóficos fundamentais estão presentes em nossa ideologia, mas a prática, a forma de exercê-lo, é diferente”.
Entre outros pontos, Siqueira defendeu a relação dos movimentos sociais com os partidos e a atuação de luta e cobrança deles com os governos. “Os movimentos sociais precisam estar ligados diretamente com suas bases. O partido também precisa ter uma característica que não seja exclusivamente eleitoral. Ele precisa ter bancada, mas também precisa ter presença nos movimentos populares, de direitos humanos, de mulheres, de negros, entre outros”, disse.
“Nós só podemos mudar e renovar a política se estivermos organizados como militantes do partido, sabendo o que defendemos, o que queremos e o que podemos contribuir com o partido. Ser de esquerda não é uma concepção de partido, é uma concepção de vida e de mundo. Que tenham sucesso nesse curso, que façam um bom proveito desta oportunidade e que tragam de retorno ao PSB apenas uma militância que esteja equipada com as nossas ideiais e engajadas com um projeto de mudança social e de profunda estruturação do nosso querido e grande país que é o Brasil”, finalizou o presidente do PSB.
O ministro Flávio Dino se disse honrado por ministrar a aula inaugural do curso de formação política do PSB e por estar num partido que conta com líderes históricos como João Mangabeira, Jamil Haddad, Antônio Houaiss, Miguel Arraes e Eduardo Campos. Ele também destacou a importância do programa do partido e afirmou que foi a modernidade desse projeto de socialismo que o fez se filiar ao PSB.
Dino ainda saudou a militância e os movimentos sociais. “Sem eles, não existe partido socialista. Pode existir partido de qualquer tipo, mas não um partido transformador que consiga de fato dialogar com o povo, não como favor, mas como dever, não como algo que faça parte de uma estratégia eleitoreira, mas como um caminho de emancipação humana, sempre no diálogo entre iguais. O partido é um espaço de igualdade e é com esse espírito que o partido sabe que pode contar sempre comigo”, afirmou.
Em seu discurso sobre o tema “Brasil, Potência Criativa e Sustentável”, Dino disse que é preciso apoiar, participar, compartilhar, ouvir todos os movimentos que agregam os diferentes segmentos, mas nunca se afastar do vínculo principal que é a questão nacional. Ele defendeu ainda que o Brasil precisa ser forte na arena global. “O programa do partido fala Brasil potência, com capacidade de ter sua voz ouvida, influenciar o curso da história e defender o nosso povo, os nossos interesses. O que o PSB propõe é que só há um caminho para o Brasil ser verdadeiramente uma potência que é o de forma sustentável”.
Segundo o ministro, o socialismo é uma opção de classe, que deve ser irrenunciável. “Se somos socialistas, defendemos o social que pressupõe, desde sempre, uma certa margem de igualdade social, que não é o igualitarismo absoluto. Mas igualdade de direitos e de oportunidades, sem os quais não existe o socialismo e que é avesso a conceitos como meritocracia que, numa sociedade obscenamente desigual, é tudo menos socialista”.
“Nosso partido defende Brasil potência com um partido socialista comprometido com os de baixo, portanto, comprometido com a transformação das estruturas que concentram riqueza, poder e conhecimento na mão de poucos. Somos um partido que tem a obrigação de lutar contra as desigualdades, de riqueza, pelo acesso ao capital cultural, contra a concentração dos rumos da sociedade na mão de poucos. Somos um partido socialista que defende o criativo, que é buscar além dos paradigmas impostos, o dinamismo, e convida a nossa nação a recusar as obviedades. A sustentabilidade que a gente defende é a que alcança e propicia benefícios ao povo simples e humilde porque são eles os verdadeiros prestadores de serviços ambientais ecossistemicos”, defendeu.
O vice-presidente da FJM, Alexandre Navarro, afirmou que o novo programa partidário do PSB, que será estudado profundamente durante o curso, é o mais atual e moderno que há no país, em comparação com outros partidos. “O novo programa retratou as realidades notariais dos fatores de produção natureza, trabalho, capital e tecnologia da informação que vivemos neste século”, disse.
O secretário de Formação Política do PSB, Domingos Leonelli, ressaltou a importância de formar e capacitar militantes, futuros dirigentes socialistas, por meio do manifesto e do programa do PSB. Segundo ele, o curso será uma “jornada concentrada de trabalho duro” sobre os principais pontos defendidos pelo partido.
“O programa é uma ferramenta essencial que é o mais moderno, mais atualizado do Brasil que propõe uma moderna revolução no sentido do que ela é possível e real. Nós temos aqui as bases para um projeto nacional de desenvolvimento e aqui estão todos os fundamentos para isso que a esquerda deve ao Brasil. O nosso curso não é um passeio cultural, não é uma jornada de conhecimento puro e simples. É uma jornada concentrada de trabalho duro e de aprendizado, uma jornada moderna, um mergulho profundo nas teses do partido, mas com uma linguagem tik-tok”, explicou.
Representando a militância e as mulheres, a deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA) destacou a importância da organização partidária do PSB e do curso na formação dos militantes. “O partido, como socialista, se organiza de forma diferente dos outros partidos liberais tradicionais. Os seus filiados não devem se filiar apenas para ficar em casa e na hora da eleição vão votar naquela legenda partidária. A nossa diferença tem que ser a de que um filiado se filia para buscar organizar as opiniões do partido na sociedade e organizar as lutas do povo através das ideias do partido na sociedade”, explicou.
“Não é possível fazer militância sem algo que oriente o caminho e o programa do partido é a bússola do militante, é aquilo que orienta, é o que diz que pensamos dessa forma, vamos construir dessa maneira e através dali, ele vai pensando a realidade que ele vive com essas ideias do partido”, pontuou a socialista.
No evento, ainda estiveram presentes o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Capelli (PSB), o secretário nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar (PSB), secretários e secretárias nacionais dos segmentos sociais do PSB, deputados e deputadas da bancada do PSB, lideranças e militantes socialistas.
Clique aqui para assistir à íntegra da “Aula Inaugural – Brasil, Potência Criativa e Sustentável” (linkar)