O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que vai separar os “CACs (caçadores, atiradores e colecionadores) de verdade” e fechar os clubes de tiro ilegais no Brasil. O anúncio foi feito em entrevista ao programa “Bom dia, ministro!”, do Canal Gov, na quarta-feira (26).
Segundo o ministro, os clubes de tiro cresceram sem qualquer regulamentação nos últimos anos, e muitos serviram para desviar armas para o mercado ilegal.
“Nós estamos preocupados com a situação dos clubes de tiro que não cumprem a lei. Então a diretriz do presidente [Lula] vai ser cumprida com o novo decreto que ele editou. Tem muita gente reclamando, eu lamento porque são pessoas que fazem um discurso falso de defesa da liberdade. Existe liberdade em matar? Existe liberdade para cometer crime? Existe liberdade para fraudar, desviar arma para quadrilha? Não”, disse.
Além disso, disse Dino, facções criminosas conseguem armas alugando-as de caçadores registrados. “Onde essas facções conseguem as suas armas? Elas vão na loja e compram? Não! Tem o contrabando, claro. Nas fronteiras, nos portos, que é uma área que estamos atuando, mas também tem esse desvio, de gente que diz que compra arma porque é caçador, e, na verdade, aluga arma para facção”, declarou.
Nos últimos quatro anos, o governo Bolsonaro autorizou, em média, a abertura de um clube de tiro por dia, totalizando 1.483 registros concedidos. Ao longo da gestão passada, o número de brasileiros com registro de CACS para ter uma arma de fogo aumentou sete vezes.
Em 2018, 117.467 pessoas tinham um registro de CAC. No final de 2022, eram 813.188 pessoas – alta de 592% no período. A evolução ano a ano mostra que a concessão de registros do tipo foi acelerada. Em 2019, primeiro ano da sua gestão, foram 73.788 novos registros; no ano seguinte, 104.933; em 2021, 198.640; e 318.369 no ano passado.
O número de armas registradas em nome de CACs também teve uma alta expressiva no período. Foram 904.858 novos registros de armas nessa modalidade no governo anterior, ou 26 novas armas por hora. O levantamento foi feito pelo G1, via Lei de Acesso à Informação.
Já o número de armamentos roubados ou desviados de CACs ou clubes de tiro bateu recorde em 2022, com 1.315 casos registrados. Ou seja, a cada dia, três armas regulares registradas no país foram extraviadas. Os dados foram compilados pelo Exército por meio do Sistema de Gerenciamento Militar de Armas (Sigma) e obtidos pelo jornal O Globo.
“O presidente tem alertado para separar o joio do trigo. Quem é colecionador de verdade, caçador, atirador esportivo muito bem, uma atividade legítima. Agora, o presidente deu essa diretriz e vamos cumprir para intensificar a fiscalização de clube de tiro e, aqueles que não cumprem a lei, obviamente serão fechados”, acrescentou Dino.