“O PSB não é lugar de conservadores, aqui é lugar de revolucionários, lugar de pessoas que querem contribuir para um movimento emancipatório da nossa sociedade”, afirmou o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, no 12º programa do Ciclo da Revolução Brasileira no Século 21.
O encontro on-line que ocorreu na noite desta quarta-feira (24) foi transmitido pelas redes sociais do partido e contou com a participação do líder da oposição na Câmara, Alessandro Molon (PSB-RJ), o presidente do Instituto Pensar, Domingos Leonelli e a coordenadora da Região Sudeste da JSB Nacional, Juliene Silva.
Mediados por James Lewis, o grupo debateu o tema Brasil, Potência Criativa Sustentável. Os encontros têm como objetivo estabelecer um diálogo amplo entre o processo de Autorreforma do Partido e personalidades da esquerda brasileira, tendo como inspiração a obra de Caio Prado Júnior.
Molon abriu o diálogo estabelecendo paralelos entre a obra de Caio Prado e a Autorreforma do PSB: “O que Caio Prado entendia como revolução se daria através do protagonismo do Estado, do planejamento, do desenvolvimento, da modernização do capitalismo nacional. A necessidade de tecnologias que atendam a demanda interna frente a dependência dos mercados estrangeiros”.
“Revolução por fazer”
Para o parlamentar, essa utopia em garantir a emancipação brasileira através do desenvolvimento de forças produtivas, que garantam nossa autossuficiência, permanece extremamente válida e atual. “Nossa revolução é uma revolução por fazer”, afirmou.
Siqueira reforçou os pontos abordados por Molon ao afirmar que temos que pensar o Brasil de acordo com nossa realidade e não com uma “cabeça colonizada”.
O socialista comentou que a situação do parlamento atual é resultado da crise política que vivemos.
“Se ela não for resolvida, não haverá solução para crise econômica, ambiental, social. A eleição de 2018 resulta da falência do sistema político que precisa ser refeito. É necessário que se construa um projeto nacional de desenvolvimento, apresentar soluções em diferentes âmbitos para que se possa de fato ter uma proposta além de ganhar as eleições. Ganhar é essencial, mas é preciso ver que a crise é mais profunda do que uma derrota eleitoral”, pontuou Siqueira.
Atuação da esquerda
Diante da desestruturação das instituições e constantes insinuações de golpe e ruptura democrática feitas pelo governo Bolsonaro, a esquerda sofre muitos ataques por manter uma postura pragmática. Molon classificou a atuação da oposição no congresso como “extremamente desafiadora”.
“Este governo tem uma postura contra revolucionária, reacionária, não é conservadora, afinal os conservadores conservam, os reacionários reagem, eles fazem a realidade retroagir. É um governo que tem saudade da pior parte da ditadura. Nesse atropelo, o que a oposição pode fazer é parar esse trator pelo braço, é uma atuação desafiadora.”
O líder da oposição na Câmara explicou que os 130 deputados da oposição tentam impedir maiores atrocidades do governo, mesmo com os mais de 300 deputados de sua base. “Aquilo que conseguimos impedir que seja impedido, é uma grande vitória. Estamos fazendo o máximo para que a destruição dentro do congresso pare, somado a isso, ainda tem todas as restrições que a pandemia nos trouxe”.
Molon também explicou que não basta impedir o “tratoraço”, é necessário também ter a capacidade de formular e apresentar ao país saídas para os problemas que enfrenta. “Estamos fazendo o que país precisa, evitando o pior no parlamento e apresentando, através da Autorreforma, um novo programa para o país”.
Leonelli trouxe para o debate a relevância da estruturação de um projeto de país, tema não debatido no parlamento.
“É absolutamente necessário que a esquerda brasileira abrace um projeto nacional de desenvolvimento. Há uma distância muito grande entre a principal função do parlamento e sua atuação, isso piora a cada legislatura. A esquerda brasileira tem muita dificuldade de atuação diante dessa maioria corrupta, estão dilacerando a constituição”.
Juliene Silva afirmou que as mudanças nos debates do movimento estudantil são um ótimo resumo das mudanças no cenário político.
“Há alguns anos, estávamos discutindo ir para as ruas pedir universidade para todos, como estruturar projetos, agora a gente tem que garantir que as universidades que temos não sejam fechadas. Antes analisávamos projetos em desenvolvimento, agora temos que procurar maneiras de parar esse trator”, concluiu.