A 3ª Oficina online para aprofundamento das teses da Autorreforma foi realizada na tarde desta segunda-feira (18) e debateu o Renascimento Criativo da Indústria.
O encontro de cerca de 3 horas de duração contou com a presença do economista Luciano Coutinho, ex-presidente do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e do economista Rafael Lucchesi, diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Além dos convidados, participaram do evento o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e os integrantes da Comissão de Sistematização da Autorreforma do PSB. O debate foi dividido em três sessões, com a abordagem de temas como o investimento público e privado em Ciência e Tecnologia e o futuro do trabalho no século XXI. Os dois convidados apresentaram dados atualizados sobre a conjuntura brasileira e o cenário internacional.
Siqueira abriu o encontro pontuando as razões que levaram o PSB a desenvolver a Autorreforma e explicou como considera a parte econômica e a indústria nacional um dos pontos mais importantes do Livro 5. “Nas últimas décadas, a indústria nacional entrou em declínio e precisa ser completamente recriada, em outro patamar. Isso só será possível se tivermos um governo que seja capaz de colocar as pessoas no lugar certo e desenvolver um planejamento estratégico para essa área tão importante”.
O presidente nacional do PSB classificou a Autorreforma como uma “crítica e autocrítica feita pelo partido depois dos dois governos dos quais o PSB participou e após a eleição de 2018, que é um reflexo da exaustão a que chegou o sistema político brasileiro”. Participaram o presidente do Instituto Pensar e coordenador do site Socialismo Criativo, Domingos Leonelli, a coordenadora da Região Sudeste da JSB Nacional, Juliene Silva, Sinoel Batista e Paulo Bracarense, todos integrantes da Comissão da Autorreforma.Em sua fala, Rafael Lucchesi, que também é diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e diretor-superintendente do Serviço Social da Indústria (Sesi), destacou que o Brasil está vivendo uma “profunda crise política” e um “processo de regressão socioeconômica” com a volta da pobreza, da fome, do desemprego e a desindustrialização com a perda do PIB nos setores de alta e média tecnologia. Isso faz com que o país já esteja atrasado para a 4ª Revolução Industrial, o que, segundo ele, é “muito dramático”.
“No momento em que avançam as novas tecnologias, nós estabelecemos uma especialização para trás, perdendo massa crítica nos setores portadores de futuro, o que é muito ruim. Nós estamos regredindo e ampliando o fosso com relação aos países desenvolvidos e estamos perdendo de longe a performance para os emergentes mais bem sucedidos e, num período recente, do ponto de vista demográfico, há um perda real da renda per capita brasileira, que acaba sendo ruim para a construção do futuro do Brasil”, disse.Lucchesi apontou que para o país superar este atraso é preciso resolver os problemas de Educação, com foco na qualificação do Ensino Técnico, e de Infraestrutura, estabelecer a macroeconomia e a constituição do estado de bem-estar social, além de encarar os novos desafios do século 21 com toda a agenda de inovação e da economia criativa.
O economista Luciano Coutinho também lamentou o momento atual do país diante de “um governo sem projeto, que tem uma visão datada e superada de um imperialismo rudimentar e primitivo”, além do empobrecimento da população e da precarização do trabalho. Segundo ele, a pandemia da Covid-19 deixou sequelas graves nos quadros social e econômico do país, mas as eleições de 2022 serão importantes para o futuro do Brasil nessas áreas.Coutinho destacou que, apesar do crescimento do PIB de 6,4% no primeiro semestre de 2021, a taxa de desocupação permanece elevada (14,1%). “Temos um desafio social acumulado. Dentre os 89 milhões de trabalhadores que têm ocupação, 37 milhões estão em situação precária ou informal. Além disso, segundo o FMI, 95 milhões de pessoas caíram abaixo da linha de pobreza extrema em 2020, e esse número pode subir para 110 milhões esse ano”, explicou.
Para o ex-presidente do BNDES, apesar de todas as dificuldades, é preciso resolver esses problemas antes que rupturas sociais ocorram de forma desordenada. “Apesar da grande maioria das indústrias de manufatura do Brasil estarem descoladas do movimento da digitalização, não devemos jogar a toalha. É possível acelerar a digitalização da média e da pequena empresa através de processos de retrofitting ( (termo utilizado principalmente em engenharia para designar o processo de modernização de algum equipamento já considerado ultrapassado ou fora de norma) , através de empresas de engenharia de software de processos que transformem em nuvem o processo fabril. Também precisa haver mudança de mentalidade, de capacitação das lideranças empresariais e de altas gestões das empresas, além de haver políticas de suporte financeiro às empresas”, afirmou.