A ausência de uma gestão transparente e eficaz da saúde pública no Brasil no atual governo foi o grande tema levantado durante palestra do presidente Nacional do PSB e pré-candidato à Presidência da República, Eduardo Campos, realizada nesta terça-feira (6) na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Ao falar para uma plateia composta por estudantes, médicos e gestores do setor de saúde, Campos reforçou sua preocupação com a gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). "A União precisa colocar a mão no bolso e rever o financiamento para o setor, aumentando a expressão per capita para a saúde. O governo se afastou desse debate porque não tem o que falar a respeito", comentou. Antes da palestra, Campos reuniu-se com a diretoria da FMUSP e reforçou sua disposição em fazer uma nova gestão, a partir de um novo pacto político e social no Brasil.
O pré-candidato também afirmou que as soluções para a saúde pública devem ser pensadas em longo prazo. "Precisamos ter políticas públicas transversais, que envolvam a educação, o trânsito, o saneamento básico. É necessário implantar indicadores claros da saúde, como temos no Ideb, que nos auxiliem a implantar serviços eficientes, além de criatividade para revelar as contas públicas, e rever a política macroeconômica, para ampliarmos o orçamento da saúde", reforçou.
Campos aproveitou a ocasião e cobrou uma meta de percentual para o financiamento do SUS pela União. "Há 20 anos, o governo investia 85% dos recursos da saúde no sistema, que está reduzida para menos da metade. É preciso ter um parâmetro ".
Questionado sobre o programa Mais Médicos, Campos afirmou que o primeiro passo é fazer uma análise criteriosa dos processos e regras que envolvem a iniciativa. "Temos de realizar uma auditoria de todos os contratos e garantir sua base legal, para que as comunidades continuem sendo atendidas. Não vamos deixar ninguém sem assistência".
Para o presidente do PSB, o setor de saúde exige um planejamento estratégico, abrangente e completo. "Não existe solução mágica, e para isso temos de nos afastar do marketing político, e caminhar rumo a um debate consistente, que é o que interessa para a população", reforçou. Segundo Campos, a essência está em dois pilares: gestão e educação. "É preciso investir na formação das pessoas e na pesquisa, garantir o comprometimento da União com o financiamento da saúde pública, reduzir a carga tributária e, principalmente, acabar com o fisiologismo político e com o aparelhamento das agências reguladoras", disse.
Durante a palestra, Campos lembrou dos êxitos no setor da saúde durante sua gestão à frente do Estado de Pernambuco (2007-2014). "Enfrentávamos uma situação gravíssima nos hospitais, sem estrutura e planejamento. O grande passo foi adequarmos a gestão, inserindo uma estrutura com parcerias e integração com instituições filantrópicas e empresas privadas, para acabar com a duplicidade. E completou: "É preciso blindar a área da saúde da ingerência política e corporativista".