Em discurso no grande expediente, nesta segunda-feira (15), o deputado federal Gonzaga Patriota (PSB-PE) fez análise sobre a grave situação do Nordeste em função da seca. Ele também defendeu o seu Projeto de Lei (PL) nº 6.569/13, que propõe a interligação da hidrovia do São Francisco com a Bacia Amazônica.
Patriota lamentou os atrasos das grandes obras do Nordeste, principalmente da Transnordestina e da transposição do Rio São Francisco, e afirmou que, quando se trata dessa região, tudo fica para depois. "O meu compromisso maior é com a população brasileira e, de modo particular, com o Nordeste. Lá, tudo que tem que ser feito pelo Governo, fica para depois, ou nunca acontece."
O socialista disse que fez várias visitas ao sertão pernambucano, onde acompanhou de perto o sofrimento dos seus conterrâneos, que estão enfrentando a pior seca das últimas cinco décadas. "Nada justifica o que o Nordeste está sofrendo. É como se a seca fosse um fenômeno desconhecido, ou algo que chegou sem que ninguém tivesse conhecimento desse fenômeno natural que mata os animais e atormenta milhões de homens, mulheres, idosos e crianças", lamentou. Para Gonzaga, o tratamento que o Governo Federal vem dando à seca nos últimas cinquenta anos depõe contra os princípios morais e os direitos humanos.
O deputado destacou ainda os prejuízos causados pela seca em Pernambuco. De acordo com o parlamentar, levantamento feito até março deste ano mostra números assustadores, como se o Agreste e o Sertão do Estado tivessem sido devastados por uma tragédia anunciada há muito tempo e que só agora começa a ser avaliada.
Ele disse ainda que a violência com que a seca se estende sobre o território nordestino impressiona em relação aos registros de anos anteriores. “Em Pernambuco, por exemplo, 126 dos 184 municípios estão em situação de emergência, muitos em calamidade pública. A escassez de água já chegou a muitas cidades do Agreste e região da mata, que nunca sofreram nenhum problema de abastecimento d’água”, comentou.
O socialista acredita que neste momento de escassez das águas, o seu Projeto de Lei de interligação do rio Tocantins não pode ser desprezado. “Dessa vez meu projeto é enfim respeitado e estudado como merece. Tenho certeza que o Rio Tocantins é a melhor saída para salvar o Rio São Francisco e a população do semiárido do nosso País”, afirmou.
Gonzaga disse que a aprovação do projeto torna-se vital, pois concretiza a ajuda das águas do Rio Tocantins para o Rio São Francisco. “O Governo Federal, enfim, atentou para a viabilidade do projeto e diante disso, engenheiros de Furnas Centrais Elétricas elaboraram estudo para levar ao semiárido nordestino a água de um dos mais importantes rios do País, beneficiando a população de cinco estados”, defendeu.
Conforme o projeto, essa obra de transposição vai garantir a navegabilidade e a regularização do nível das águas do São Francisco. “A execução desse projeto é indispensável. Não se pode falar em transposição do São Francisco sem garantir a regularização do nível do rio”, justificou.
Estimada em R$ 1 bilhão, a proposta prevê a construção de um canal com cerca de 200 quilômetros de extensão entre o rio Tocantins, no Centro-Oeste, e o rio Preto, que corta os municípios a oeste da Bahia. O tráfego hidroviário do rio São Francisco seria feito pelo canal dos rios Preto, Tocantins e Amazonas, facilitando, inclusive, o transporte das cargas da Ferrovia Norte-Sul para o Porto de Suape, no Recife.
Os deputados Zé Geraldo (PT-BA); Padre Luiz Couto (PT-PB) e Mauro Pereira (PMDB-RS) defenderam maior agilidade na concretização do PL que propõe a interligação da hidrovia do São Francisco com a Bacia Amazônica.