A filipina Marie Chris Cabreros, coordenadora-geral da Aliança Progressista (AP), observa que o extremismo de direita ganhou terreno em várias partes do mundo oferecendo promessas enganosas e soluções simplistas, em vez de realmente promover condições para uma melhoria de vida, algo que os governos e partidos progressistas buscam alcançar. O discurso dos extremistas de direita, permeado por apelos emotivos e simplificações perigosas, capturou a imaginação de uma parcela significativa da população, desviando-a da busca por soluções efetivas, baseadas nos princípios democráticos e no fortalecimento dos direitos sociais. “O crescimento econômico não foi sentido pela maior parte das sociedades e as pessoas estão vivendo em tempos incertos. Assim, esta insegurança e falta de proteção social fizeram do extremismo da direita e da direita radical um pilar de soluções, com promessas e nostalgia que capturou a imaginação das pessoas”, avalia.
Cabreros esteve nos dias 22 e 23 de março, no Rio de Janeiro, para presidir uma conferência da organização internacional, que reuniu dezenas de representantes de partidos socialistas e social-democratas de países da Europa, Ásia, Américas, África e Oceania. Os debates giraram em torno dos temas democracia, justiça social, progresso, paz, e políticas progressistas para o século XXI. “Nossa promessa de uma vida melhor não é feita por elitistas, populistas ou autocratas, mas é feita pelas próprias pessoas no exercício do poder na arena política”, afirma.
Leia a entrevista.
1. Quais são algumas das principais políticas ou causas que a Aliança Progressista promove e defende em nível global?
“Em nível global, a Aliança Progressista combaterá – e será bem-sucedida – em questões ligadas a igualdade e justiça de gênero, resposta à crise climática. Também estamos lutando por uma economia justa, além de paz, segurança de democracia ao redor do mundo.”
2. A que a senhora atribui a ascenção da direita e da extrema-direita no mundo, além da perda de espaço de partidos progressistas nos legislativos, em alguns casos?
“Realizamos uma conferência contínua para analisar a situação sobre o que se deteriorou ao longo do tempo, a crença popular nas soluções rápidas propagadas pela extrema-direita e o declínio da democracia. Nós analisamos e, entre os fatores contribuíram, apontamos que renda e trabalho não foram entregues para a maioria das populações. O crescimento econômico não foi sentido pela maior parte das sociedades e as pessoas estão vivendo em tempos incertos. Assim, esta insegurança e falta de proteção social fizeram do extremismo da direita e direita radical um pilar de soluções, promessas e nostalgia que capturou a imaginação das pessoas ao invés da promessa de uma vida melhor nas condições que os nossos governos e partidos políticos estão lutando e promovendo, baseados no bem-estar, direitos sociais e democracia, que não entrega apenas a alguns, mas à maioria de despossuídos e marginalizados.”
3. A senhora enxerga alguma relação entre o avanço de um conservadorismo radical com o ataque a direitos sociais fundamentais, enfraquecimento dos sindicatos e movimentos sociais, dentro de uma agenda neoliberal?
“Há uma conexão clara entre o enfraquecimento de um movimento de mudança na batalha contra a extrema direita e as forças autoritárias em muitas sociedades ao redor do mundo porque, se não estivéssemos enfraquecidos, teríamos ganho mais governos e parlamentos. Mas, como disse na questão anterior, isso não é apenas contestação de poder, mas como as pessoas irão vetar os interesses que estão sendo implementados pelas forças políticas. Então vamos ter, por um lado, uma solução rápida e fácil, que se alimenta da insegurança das pessoas nesses tempos incertos, e vamos ter a promessa de uma solução que eles acreditam estar longe da realização, porque as frustrações são tão profundas que eles precisam consertar agora, pois as pessoas estão com fome, sem emprego e inseguras.
Então, essa conexão entre como o movimento progressista de mudança pode não apenas acreditar, mas fazer as pessoas acreditarem com esperança e confiança que as coisas irão mudar é uma fraqueza que também identificamos atualmente; não é uma subestimação o reconhecimento que estamos lutando contra forças muito poderosas – bilionários, corporações, elites e entidades políticas. Mas isso faz parte da contestação do poder que gostaríamos de dividir com a maioria das pessoas: como nós pegamos o poder passando de um controle elitista para um poder que é dividido com a maioria das sociedades e populações que estão às margens da arena política. E isso é algo sobre o qual queremos ser claros e confiantes: que nossa promessa de uma vida melhor não é feita por elitistas, populistas ou autocratas, mas é feita pelas próprias pessoas no exercício do poder na arena política.”
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional