A Deputada Federal e ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina (PSB-SP), foi a primeira a fazer o que os organizadores do 1º Encontro Programático PSB-Rede Sustentabilidade chamaram de Fala Inspiradora. O objetivo é, de fato, inspirar os mais de 150 militantes e lideranças políticas de ambas as siglas que estão reunidos em São Paulo nesta segunda-feira (28) para debater as bases de um programa de governo em comum, que em seguida também será aberto à participação da sociedade.
Luiza Erundina iniciou destacando que as mulheres têm sido historicamente excluídas do poder e que essa precisa ser uma sinalização que a proposta de governo que PSB e Rede começaram a criar leve em conta. “Essa questão do gênero ainda está pendente na política brasileira, assim como a de negros e brancos, índios e outras raças, e não me consta que nenhum governo as tenha enfrentado”, destacou.
Segundo ela, não há nada mais inspirador do que esse momento que o PSB e a Rede estão vivendo após a coligação programática firmada no último dia 05. “Não há fala que consiga expressar com mais força e simbolismo o que estamos vivendo desde aquele dia em que Eduardo e Marina resolveram se casar”, comparou. “Foi um casamento há muito desejado no país – um casamento de ideias, propostas e compromissos, que gera muitas esperanças”.
Erundina também relatou o comportamento de euforia que vem presenciando nas ruas, nos supermercados, aeroportos, nas ONGs, incluindo o Movimento Passe-Livre, que originou as manifestações populares de junho. “Tenho me encontrado bastante com eles e com muitos jovens, a gente sente a energia do que está significando para esses novos cidadãos a novidade da aliança Rede-PSB”, testemunhou. “A gente vê que a política envelheceu, os projetos se esgotaram, que o interesse pela política tem ficado muito aquém e, pior, vemos a frustração que os políticos têm gerado na vida do povo e da juventude. A rejeição a eles é tanta que gerou essa rejeição pela própria política”.
Da generosidade de ceder – A líder socialista também afirmou que o que mais a alegra desde o dia em que Eduardo Campos e Marina Silva anunciaram ao país essa novidade é que na cultura política brasileira nunca se viu situação igual ou semelhante. Em que duas forças promissoras e com espaço próprio, como são o PSB, tradicional e consagrado há décadas, e a Rede, que nasceu com muita força e participação da sociedade, gerassem tamanha expectativa. “A Rede já é uma realidade, existe de fato, embora não de direito. E as duas siglas decidiram se unir para se expressar, disputar e exercer o poder de uma forma diferente”, afirmou. “São duas forças e propostas distintas que tiveram a generosidade de ceder, cada lado, para concretizar essa possibilidade de um todo diferente. Eu nunca vi isso, com toda a idade e experiência que tenho na vida pública – é algo realmente novo, generoso, diferente”.
Luiza Erundina relembrou que o PSB já estava com uma candidatura própria posta e mobilizado em torno de seu projeto de governo, mas desconstruiu tudo isso para abrir espaço a Marina e à Rede. “Eduardo disse: pode vir Marina, e não precisa abrir mão do seu projeto de governo, ao contrário, vamos debatê-lo e construir juntos, o PSB irá te receber sem exigir nada”, resumiu ela. “E do outro lado, Marina, que também já tinha um projeto construído, inspirado nas ideias e na marca que tem definido sua trajetória política, que poderia ter ido para um partido qualquer a fim de poder manter uma candidatura própria, decidiu ceder e começar essa construção conjunta com o PSB”.
Para a Deputada Luiza Erundina, com esses dois gestos eles criaram um novo tempo na política brasileira. “A política se faz com gestos, com ideias, sonhos e utopias. E hoje, a Rede e o PSB, Eduardo e Marina, são a encarnação histórica desse momento novo da política brasileira. Ele ultrapassa os limites de qualquer governo, de qualquer partido ou eleição, é simplesmente um novo tempo”, comemorou. “E isso é bom porque nos reeduca – a nós, políticos e cidadãos mais antigos, viciados que estamos nos hábitos e comportamentos atuais, nas estreitezas da política nacional de hoje, que acabamos projetando-as com os adversários, de forma velha, convencional, conservadora. Que não interessa mais ao povo brasileiro”.
A socialista disse que se orgulha de presenciar, nesse contexto obsoleto, a chegada de Eduardo e Marina com propostas, com gestos, com novos rumos que se apontam para a política brasileira. “Eles foram além de nos reeducar: nos estimulam, e, ao mesmo tempo, estimulam, interessam, trazem para junto de nossos partidos uma juventude que não tem ainda rumos traçados, mas sabe que quer é participar. Esse programa que começamos agora a discutir, também com a sociedade e dialogando com ela, com o quer de um novo governo – isto sim é uma nova forma de governar”, garantiu Erundina. “Por isso, o fato é que nós já estamos muito inspirados e acima de tudo felizes, por ver o quanto o país começou de novo a se interessar pela política depois do casamento Eduardo-Marina – e agora ninguém nos segura mais nessa estrada!”