A implementação de uma política pública eficaz para o ensino de línguas é um dos grandes desafios que o Governo Federal precisa enfrentar para a educação no País. As maiores dificuldades, segundo especialistas do setor, são: a carga horária reduzida, o grande número de alunos nas salas de aula e a má formação dos professores de línguas no País. O assunto foi debatido, nesta terça-feira (19), na audiência pública da Comissão Especial sobre a Reformulação do Ensino Médio.
Mesmo com a obrigatoriedade da inclusão de uma língua estrangeira moderna na grade horária do ensino médio, atualmente no Brasil nenhum aluno tem domínio de qualquer língua estrangeira apenas com aulas ministradas dentro das escolas. Essa realidade não atinge apenas as escolas públicas, mas também escolas particulares.
De acordo com a professora da faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Gretel Fernandéz, a maioria das escolas só tem essas aulas uma vez por semana, com a duração de 50 minutos. "O que inviabiliza o aprendizado de qualidade". Mas para Fernandéz, o maior problema é a precariedade nos cursos de formação de professores. As aulas centradas na gramática e leitura excluiram a conversação do aprendizado.
A professora afirma que o atraso demonstra um ciclo vicioso. "O aluno termina o ensino médio, vai para a faculdade sem saber língua estrangeira. Entra na faculdade para fazer letras, já com uma formação ruim, termina a faculdade mal formado e volta, para dar aula no ensino fundamental".
Para começar a mudar a realidade atual, o professor do ensino escolar de línguas da Universidade de Brasília (UNB), José Carlos de Almeida, sugere mudanças na avaliação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que possui apenas cinco questões de língua estrangeira. A indicação é que o exame passe a ser oral, forçando transformações na estrutura curricular das escolas.
O professor Almeida sugere também a criação do cargo de coordenador geral do ensino de línguas no Ministério da Educação (MEC), um Conselho de representantes formadores das Universidades nos 26 estados e no Distrito Federal e um Conselho de professores, pais e terceiros. "Precisamos de pessoas direcionadas para melhorar as condições de ensino da língua estrangeira dentro do MEC".
Nesse sentido, o deputado federal Severino Ninho (PSB-PE) defende o monitoramento das metas a serem atingidas no Brasil em educação também de um órgão autônomo. O socialista lembra da emenda que apresentou ao Plano Nacional de Educação (PNE) para que o Ministério Público Federal (MPF) fizesse esse monitoramento. Ninho também sugeriu que as entidades federativas fossem multadas caso não cumprissem as metas. "Lamento que nenhuma das emendas tenha sido acatada pelo relator. Não adianta ficarmos nos plano das discussões, precisamos, de fato, que daqui a 10 anos as metas sejam cumpridas".
No ano passado, o Brasil perdeu posições no Índice de Proficiência em Inglês avaliado pela Education First, empresa especializada em intercâmbios. Dados da ONG Bristsh Council revelam que apenas 5% da população brasileira é fluente em inglês. No caso do espanhol, Lei Federal nº 11.161/05 não foi suficiente para cumprir a meta de implantar o ensino da língua no ensino médio até 2010.
Com informações da Agência Câmara