O deputado estadual e ex-ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc (PSB-RJ), chamou de “pedalada ambiental” a proposta do governo Bolsonaro de elevar para 50% a meta de redução de gases de efeito estufa até 2030, apresentada nesta quarta-feira (3) pelo ministro Joaquim Leite, na COP 26 (Conferência das Nações Unidas), em Glasgow (Escócia).
Minc ressaltou a incoerência do anúncio feito pelo governo, considerando o histórico de desmonte de programas ambientais desde 2018. “Foram palavras jogadas ao vento”, declarou em entrevista ao UOL News. Ele citou o desmantelamento dos fundos Amazônia e do Clima, a desestruturação do Ibama e do Icmbio e o esvaziamento do Inpe.
Para Minc, ao passar de 43% para 50% a redução das emissões de gases poluentes, o governo Bolsonaro “corrigiu a pedalada e voltou à meta da COP26 de Paris. Estacionou em seis anos atrás”.
Segundo o socialista, na contramão de outros países, que reduziram suas médias de poluição no último ano, o Brasil bateu recorde mundial em 2020. Apesar da recessão, aumentou suas emissões em 9,5%, afirmou.
“Tanto malabarismo para voltar ao mesmo lugar, (o ministro) não disse que o caminho e está na contramão da prática. Três quartos do governo destruindo tudo e no ano que me falta eu defendo a biodiversidade, o clima, os índios, dá para acreditar”?
Segundo Minc, ele “daria um roteiro” de cinco pontos para que Bolsonaro e Leite apresentassem “para que pudéssemos acreditar nas mentiras deles”. Entre as medidas que poderiam ser feitas, segundo o deputado, estão remover garimpeiros de terras indígenas, trazer mais técnicos da área e incentivar energias alternativas, como a eólica e solar.
Para o deputado, a urgência na preservação do meio ambiente só irá para frente com o apoio massivo da opinião pública. “Nós da área do clima falamos em adaptação, mitigação, equivalente a Co2. Noventa e cinco porcento das pessoas não têm a menor ideia do que se trata”, disse.
“Quando você fala que o desmatamento da Amazônia diminuiu a chuva, diminuiu o tamanho dos reservatórios, o governo acionou térmica, carvão e óleo, fez um buraco no clima e outro buraco no bolso do consumidor, as pessoas começam a perceber que isso não é para daqui a 50 anos. Está afetando o bolso delas”, afirmou
Com informações do UOL News