Diante da incapacidade do governo Bolsonaro para enfrentar a pandemia da Covid-19, o Observatório da Democracia, projeto que reúne as fundações ligadas a partidos progressistas, lançou nesta quarta-feira (3) o manifesto “Vacinação Já! Em defesa da vida, da democracia e do emprego”.
Entre as exigências do manifesto está a vacinação imediata da população e a manutenção do auxílio emergencial até o fim da pandemia.
Participaram do ato de lançamento online representantes das fundações comprometidas e signatárias do manifesto: Alexandre Navarro, da Fundação João Mangabeira (PSB); Aloizio Mercadante, da Fundação Perseu Abramo (PT); Francisvaldo Mendes, da Fundação Lauro Campos/ Marielle Franco (PSoL); Dr. Manoel Dias, da Fundação Leonel Brizola/Alberto Pasqualini (PDT); Nilson Araújo, da Fundação Cláudio Campos (PPL); Renato Rabelo, da Fundação Maurício Grabois (PCdoB); Cristovam Buarque, da Fundação Astrojildo Pereira (Cidadania).
No manifesto, as fundações exigem a vacinação imediata da população brasileira, a manutenção do auxílio emergencial aprovado pelo Congresso Nacional até o fim da pandemia, a adoção de “uma política consequente de estímulo à retomada econômica que tenha como referência a redução da pobreza e o combate às desigualdades sociais”. Para isso, é preciso revogar imediatamente a Emenda Constitucional 95 que congelou os investimentos em saúde e educação. Essas medidas essenciais para defender a vida, a democracia e o emprego se efetivem são incompatíveis com este governo.
O documento aponta ainda o colapso do sistema de saúde de Manaus, com a morte de pessoas por asfixia, como a face mais dramática da pandemia de Covid-19 e afirma que Bolsonaro “lavou as mãos ao alegar, mentirosamente, que não podia fazer nada porque o STF o teria proibido de agir para combater a pandemia”.
As fundações ressaltam ainda que o Brasil foi um dos países mais atingidos pela Covid-19, com quase quatro vezes mais mortes do que a média mundial. E afirmam que a “situação trágica decorre diretamente da atitude negacionista e irresponsável mantida pelo presidente Bolsonaro e seu grupo desde a chegada do vírus ao país”, que subestimou a gravidade da pandemia, incentivou comportamentos de risco, colocou recursos públicos em medicamentos ineficazes contra o vírus, como a cloroquina, e se omitiu na negociação por vacinas para todos os brasileiros.
Além disso, o governo Bolsonaro não tomou providências para fechar acordos de parcerias com institutos que desenvolveram e estão produzindo vacina conta a Covid-19. Por isso, o Brasil “não tem calendário, um plano consistente, logística e vacinas disponíveis, nem previsão de ter vacinas para toda a população”.
Frente a esse cenário, as fundações que assinam o documento exigem “a vacinação imediata de toda a população habilitada para tanto”, o “fim à comunicação diversionista do governo e o “estímulo às medidas protetoras de eficácia comprovada, como o uso de máscaras e a observância das regras do distanciamento social”.
Live
Durante a live, Alexandre Navarro, da Fundação João Mangabeira (PSB), relembrou que os números de mortos são subestimados e que o governo não tem experiência de gestão pública e nem disposição para agir de forma diferente. “O orçamento não foi votado até agora. E a proposta é deplorável, provando que são pessoas que não têm competência. Tiraram 580 bilhões do Orçamento. Temos que ter medidas, tributar dividendos e heranças e ter a coragem de emitir bônus pelo Tesouro Nacional para fazer rodar a economia”, afirmou.
Navarro destacou ainda a existência de 14 milhões de desempregados no Brasil e a conjuntura econômica atual que levou o país a ter cerca de 32 milhões de pessoas vivendo como miseráveis extremos. O presidente da Fundação Lauro Campos/Marielle Franco (PSOL), Francisvaldo Mendes, destacou que “o governo brasileiro está desestruturando o País fazendo com que a miséria aumente”, para ele o Brasil não está dando conta de oferecer uma vacina para o seu povo pois não investe na área de ciência e tecnologia e nem na ampliação da produção industrial farmacêutica.
Manoel Dias, presidente da Fundação Leonel Brizola/Alberto Pasqualini (PDT) deu ênfase aos retrocessos trabalhistas que ocorrem no governo atual “que acabou com o Ministério do Trabalho e com a legislação trabalhista”. Ele destacou que o avanço da vacina da Fiocruz, a Coronavac, que é a que o Brasil conta hoje, se deu não por ação do governo federal, mas por causa da atuação do governo de São Paulo.
O presidente do conselho consultivo da Fundação Astrojildo Pereira (Cidadania), Cristovam Buarque, destacou os pontos que ele considerou principais no manifesto, entre eles a tragédia em Manaus e a elevada taxa de mortalidade no Brasil, que conta com mais de 230 mil mortos, “nada fazia crer que teríamos 230 mil mortos porque o governo não fez o dever de casa”; e a necessidade de que o governo invista para reduzir o impacto econômico na pandemia. Por essas razões Buarque conclamou a oposição a se unir em nome do impeachment de Bolsonaro, ou de seu afastamento pela não reeleição em 2022, com uma união ainda no primeiro turno das próximas eleições.
Renato Rabelo da Fundação Maurício Grabois (PCdoB) enfatizou que “o Brasil teve o pior desempenho diante da pandemia entre 98 países, como mostra nosso manifesto”, para ele a resposta do presidente Bolsonaro, desde a chegada do vírus, tem sido o contrário da obrigação de um líder da República. Rabelo conclui que Bolsonaro comete crime de responsabilidade a medida em que nega, desacredita a ciência, investe em drogas sem nenhuma eficácia e sabota as medidas para impedir a propagação do vírus e faz campanha contra a vacina.
Já Aloizio Mercadante, presidente da Fundação Perseu Abramo, defendeu o impeachment e lembrou que “as mortes no Brasil são quatro vezes superiores à média internacional”. Diante desse quadro em que a desigualdade social é aprofundada, ele ressaltou que enquanto o número de desempregados está em 14 milhões e o daqueles que não trabalham e não procuram emprego é de 15 milhões de pessoas, há cinco anos o Bolsa Família não é reajustado e o auxílio emergencial agora deixou de ser pago. Mercadante acredita que “não há saída para crise com esse governo”.
Para Nilson Araújo, representante da Fundação Cláudio Campos (PPL), “estamos sob o signo de duas tragédias: primeiro o colapso da saúde em Manaus, que condensa o que se espalha de maneira bastante dramática pelo Brasil inteiro”, além disso, “a tragédia social, no momento em que se agrava a pandemia e suspende o auxílio emergencial para mais de 60 milhões no momento em que as pessoas mais necessitam e há 14 milhões de desempregados. Para Nilson “essas duas tragédias têm responsável: Jair Bolsonaro”.Segundo Alexandre Navarro, vice-presidente da Fundação João Mangabeira, “ o Brasil tem 3% da população mundial e 11% dos óbitos” pela Covid-19, “isso é uma tragédia sem tamanho e sem resposta pois as pessoas que hoje administram o país são inaptas para o que estão fazendo”.
Com informações da Fundação João Mangabeira