O Deputado Federal Glauber Braga (PSB/RJ), embarcou nesse domingo (02), em uma missão para Washigton, Estados Unidos, para participar de uma semana de trabalho no Capitolio (Parlamento Americano) em defesa de quatro Cubanos presos há cerca de 15 anos, nos EUA por acusação de espionagem. Durante os dias 02 e 05 de junho, serão realizados reuniões no Parlamento Americano, atividades culturais, eventos públicos com a participação de deputados, senadores, personalidades, sindicalistas, militantes e simpatizantes a libertação dos Cubanos de todo o mundo.
O escritor Fernando Morais, autor do livro que conta a história desses Cubanos – Os últimos Soldados da Guerra Fria e também de Olga, Chatô: o rei do Brasil; Corações Sujos; A Ilha e Cem Quilos de Ouro, entre outros, também está em Whashigton. Os dois representam o Brasil, nessa missão que terá a participação de diversos países.
O objetivo é lutar pelo combate a violação dos direitos humanos. Em 1998, o FBI prendeu cinco cubanos radicados em território norte-americano sob a acusação de espionagem. Durante 17 meses, sem que fossem levados a julgamento, foram mantidos em celas solitárias. Em dezembro de 2001, o Tribunal de Miami condenou Gerardo Hernández a duas prisões perpétuas mais 15 anos; Antonio Guerrero à prisão perpétua mais 10 anos; Ramón Labañino à prisão perpétua mais 18 anos; Fernando González a 19 anos e René González a 15 anos. Desde então, seus advogados de defesa tentam por apelação um novo julgamento fora de Miami onde se encontra a máfia cubano-americana que podem ter influenciado nas decisões do júri e da juíza, além de manter uma ferrenha campanha pela mídia.
Acusados de atentar contra a segurança nacional dos Estados Unidos, os cubanos tinham como missão descobrir planos de ataques contra Cuba, organizados em território estadunidense e com o aval do governo, que ocorrem desde o Triunfo da Revolução Cubana, em 1959. Em todo o mundo há comitês de luta pela libertação dos cinco cubanos, presos em pontos distantes dos Estados Unidos.
Em maio de 2011, René González que tem dupla cidadania – americana e cubana -, foi solto, mais pela justiça americana, ele ainda precisava passar três anos em liberdade supervisionada nos EUA antes de poder voltar para Cuba. No mês passado, René renunciou a sua cidadania estadunidense e ganhou nos Tribunais o direito de cumprir o tempo restante de sua liberdade condicional em Cuba.
Glauber que é um defensor dos direitos humanos e do direito de justiça igualitária a todos, vê essa missão como um ato simbólico para as injustiças que também acontecem no Brasil: “Acredito que todos tenham que ter os mesmos direitos. Não posso concordar com uma justiça com um peso e duas medidas para alguns grupos. A minha participação nessa semana de trabalho pela libertação dos quatro Cubanos é um símbolo para que a gente também lute pela justiça igualitária no Brasil e em todo o mundo. A minha defesa é que todos tenham as mesmas oportunidades e direitos. A liberdade de René já é uma vitória, mas precisamos garantir a liberdade dos outros quatro Cubanos”, afirmou Glauber.
Juristas concordam com Glauber que a pena dada aos Cubanos foi injusta. Recentemente, o segundo o Ex-Presidente Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e membro honorário vitalício da entidade, Cezar Britto, afirmou em um evento da CUT em defesa dos Cubanos, que juristas do mundo inteiro analisaram o processo e é de entendimento geral que não existe relação dele com justiça. “O que temos nesse caso é a condenação de cinco pessoas apenas para afrontar a resistência cubana. Qualquer decisão contra Cuba é benéfica aos EUA e, nessa situação, a decisão é política, e não jurídica. Todos os povos têm direito a resistir quando seu território está em perigo e foi isso o que essas pessoas fizeram. Não podem ser condenadas por isso”, destacou Cezar.
Para o Conselheiro Político da Embaixada de Cuba, Rafael Hidalgo, também o caso trata-se de um assunto político e que a prisão dos cinco cubanos é parte de uma represália ao regime de governo adotado em Cuba e podem ser considerados presos políticos. “Eles estão presos por lutar contra o terrorismo”, disse.
A representante do Comitê Internacional pela Libertação dos Cubanos, Graciela Ramírez, acredita que esse é o momento ideal por uma ação pública nos Estados Unidos: “A re-eleição do presidente Obama pode abrir novas portas, mas sabemos que só pode ser conseguido através dos esforços de todas as forças, de todos os lados do mundo que lutam por reverter essa injustiça”, explicou.
Conheça melhor dos cinco Cubanos presos:
*Gerardo Hernández – nasceu em Havana, em 4 de junho de 1965. Em 1989, graduou-se em Relações Internacionais, ano em que se somou às forças cubanas em Angola para lutar contra o regime racista da África do Sul. Participou em 54 missões de combate e foi condecorado com medalha de honra. É casado com Adriana Pérez desde 1988; ela não o vê há 8 anos, pois tem sido impedida pelas autoridades estadunidenses de entrar no país.
*Antonio Guerrero – nasceu em Miami, em 16 de outubro de 1958. Filho de pais cubanos que retornaram à Cuba no início da Revolução Cubana. Em 1983, se formou em engenheiro de construção de aeroportos, na Ucrânia. Trabalhou na expansão do Aeroporto Internacional de Santiago de Cuba. É poeta e tem vários poemas em inglês e espanhol compilados no livro “Desde Mi Altura” (“Since My Altitude”). Tem dois filhos, Antonio, de 20 anos e Gabriel de 15.
*Ramón Labañino – nasceu em Havana, em 9 de junho de 1963. Em 1986, graduou-se em Economia pela Universidade de Havana como o primeiro da classe. Na universidade também se destacou em atividades desportivas, tendo participado de todos os campeonatos caribenhos. Em 1990 casou-se com Elizabeth Palmeiro, com quem tem duas filhas, Laura, de 14 anos e Lisber, de 9 anos, além de uma filha do casamento anterior, Aili de 18 anos.
*Fernando González – nasceu em Havana, em 18 de agosto de 1963. Em 1987 graduou-se em Relações Internacionais. Na universidade, destacou-se como liderança na Federação dos Estudantes Universitários (FEU). De 1987 a 1989 participou da Brigada Internacionalista Cubana em Angola contra o regime sul-africano e foi condecorado com medalha por bravura. É casado com Rosa Aurora Freijanes.
*René González – nasceu em Chicago em 13 de agosto de 1956. Seus pais eram trabalhadores que emigraram para os Estados Unidos e retornaram à Cuba em 1961. De 1977 a 1979 serviu em Angola onde foi condecorado por bravura. De 1979 a 1982 estudou aviação e formou-se em piloto e instrutor de voo. É casado com Olga Salanueva, também proibida de entrar nos EUA, com quem tem duas filhas: Irma, de 22 anos, e Ivette de 10, nascida poucos meses antes de sua prisão. Está escrevendo um livro sobre as violações de direitos que os cinco têm sofrido.