Os governadores do Espírito Santo e do Maranhão, os socialistas Renato Casagrande e Flávio Dino, além de outros cinco chefes de Executivos estaduais, se reuniram na sexta-feira (30) com o enviado especial do Estados Unidos para o clima, John Kerry, na primeira de uma série de reuniões com potências estrangeiras, sem a presença do governo federal, para solicitar verbas para projetos ambientais com o intuito de combater as mudanças climáticas.
O governo do presidente Jair Bolsonaro enfraqueceu a fiscalização ambiental e incentivou o desenvolvimento econômico em áreas de preservação, contribuindo para um aumento de desmatamento e de incêndios florestais na Amazônia e em outros biomas considerados cruciais para conter o aquecimento global.
Em entrevista à CNN, Casagrande comentou que não há uma identidade do presidente Jair Bolsonaro com o tema do meio ambiente e que, por isso, é necessário que políticos pressionem o governo para incluir a pauta na agenda presidencial. “É preciso que a política e o interesse político faça o governo federal fazer essa mudança”, disse.
A reunião acontece depois que 23 governadores do país enviaram uma carta ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em abril, sinalizando um desejo em cooperar em iniciativas sustentáveis diante da “emergência climática”.
Segundo Casagrande, os projetos poderiam ser executados em um período entre 2 e 6 anos e podem gerar mais de 150 mil empregos “verdes”, embora o total de investimentos necessário ainda precise ser determinado. Os projetos são espalhados pelo território brasileiro, e não apenas restritos à região amazônica. O governador do Espírito Santo afirmou ainda que, após o encontro com Kerry, os governadores vão fazer reuniões de níveis técnicos com a equipe do enviado especial sobre possíveis colaborações.
O governador do Maranhão, Flávio Dino, que representou os Estados amazônicos no encontro, disse que solicitou apoio para o Plano de Recuperação Verde (PRV) da região, anunciado neste mês. O plano busca conter o desmatamento e promover o desenvolvimento sustentável.
Segundo Dino, Kerry foi amigável durante a reunião, mesmo ao expressar preocupações sobre o aumento contínuo do desmatamento em 2021 na Amazônia. “Claro que o papel dos Estados aumenta à medida que o governo federal não exerce o seu papel,” disse Dino. “O Brasil ficar nessa posição de supostamente vilão ambiental ou um território amigável para crimes ambientais não é bom para ninguém”, salientou.
Na avaliação do chefe do Executivo maranhense, os estados brasileiros têm papel importante de contraste ao governo federal, não de substituição. Dino ressaltou, no entanto, que percebeu durante a reunião que há um “déficit” de credibilidade do governo federal por conta das opções extremistas tomada em um passado recente.
Para Dino, além de cumprir as metas estabelecidas durante a Cúpula do Clima, realizada em abril, o Brasil e o resto do mundo precisam estar atentos ao consumismo.
“O mundo reivindica a certeza de ações concretas para que tenhamos um caminho seguro para que haja a redução de gases de efeito estufa. É fundamental que haja a compreensão do mundo inteiro quanto à finitude dos recursos naturais e quanto à inviabilidade do consumismo desvairado”, finalizou.
Com informações da CNN e da Reuters