Pré-candidato à Câmara dos Deputados pelo PSB no Rio de Janeiro, o delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva diz que resolveu se candidatar nessas eleições porque aprendeu, “da pior forma possível”, que é pela política que os problemas do país são solucionados. Ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas, ele foi demitido do cargo em 2021 após apresentar notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal contra o então ministro do meio ambiente Ricardo Salles por desmatamento.
Formado em Ciências Ambientais, Saraiva tem amplo conhecimento sobre os desafios enfrentados no combate ao desmatamento na Amazônia. Para evitar ingerência política nos órgãos ambientais como a que ocorre no governo Bolsonaro, Saraiva defende “urgentemente” uma legislação que garanta “independência funcional” ao Ibama e a todas as instituições que atuem contra o crime ambiental. “Também precisamos de uma lei que garanta esta mesma independência para a Polícia Federal”, opina. Duro crítico do atual governo, Saraiva afirma: “O governo Bolsonaro é cúmplice do crime ambiental.”
Confira a entrevista:
Porque decidiu se candidatar?
Decidi me candidatar porque aprendi, da pior forma possível, que é na política que podemos resolver o problema do país. Atuei por 20 anos como policial, obviamente o limite da polícia é a lei. O problema é quando o crime possui uma base parlamentar sólida, os bandidos ocupando o legislativo, criando leis. Para combater isso eu precisava ir para o legislativo.
Por que escolheu o PSB?
O PSB no RJ é um partido onde estão pessoas pelas quais tenho grande admiração, pessoas íntegras com as quais me identifico. O deputado Carlos Minc, por exemplo, eu já conheço há bastante tempo, sua atuação parlamentar implacável contra a corrupção, foi responsável pela denúncia que deu origem a primeira operação que coordenei na PF, em 2006, a Operação Euterpe, que desbaratou um esquema gigantes de fraudes e crimes ambientais no RJ envolvendo servidores públicos e empresários.
Sendo delegado atuante na fiscalização de crimes ambientais, na sua avaliação, qual o impacto do governo Bolsonaro sobre o combate aos crimes relacionados ao meio ambiente?
O governo Bolsonaro é cúmplice do crime ambiental. O impacto da atuação perversa deste governo no que tange ao meio ambiente se reflete nos índices crescentes de desmatamento na Amazônia. Foi um governo que destroçou o Ibama e manietou a PF, especialmente nas áreas de combate aos crimes ambientais e à corrupção. Um desastre completo para o Brasil e para a Amazônia.
Quais bandeiras pretende defender no Congresso, caso eleito?
As bandeiras que pretendo defender são relativas ao meio ambiente, à segurança pública, o incentivo à ciência e a educação de modo geral e, obviamente o combate à corrupção.
Você tem em mente alguma proposta de lei para aperfeiçoar a atuação dos órgãos de proteção ambiental?
Acho que precisamos urgentemente de uma legislação que garanta ao IBAMA e a todas as instituições que atuam contra o crime ambiental, independência funcional para que possam realizar sua missão sem interferências políticas. Por exemplo, é preciso uma lei para garantir que o presidente e os superintendentes do Ibamae do ICMBio sejam servidores de carreira. Também precisamos de uma lei que garanta esta mesma independência para a Polícia Federal. Ainda como meta legislativa entendo que já passou da hora de atualizarmos a Lei dos Crimes Ambientais para que passe a ter penas mais severas para os crimes de desmatamento e que seja finalmente previsto o crime de tráfico de animais, é preciso que o criminoso ambiental sinta o peso da Lei sobre sua liberdade.
Assessoria de Comunicação/PSB nacional