O candidato da Coligação Unidos pelo Brasil a presidente da República, Eduardo Campos (PSB), durante reunião com representantes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag-RS), afirmou que os conflitos entre populações indígenas e produtores rurais pela posse de terras decorrem hoje da falta de iniciativa do governo federal para promover o diálogo entre as partes.
“Dizem por aí que nós somos contra os agricultores. No entanto, sabemos que aqui no Rio Grande do Sul, como em Mato Grosso do Sul e em outros Estados, as populações indígenas e os produtores rurais chegaram a acordos sobre as fronteiras das terras de um e de outro que só não foram efetivados porque o governo federal foi omisso, se ausentou do papel de promover o diálogo para evitar o enfrentamento entre as partes, não quis dispor de alguns milhões, não bilhões como fez na ajuda que deu ao setor elétrico, para selar a paz no campo. Infelizmente, em razão dessa omissão, já presenciamos mortes no Mato Grosso do Sul e aqui no Rio Grande.”
O governo federal, ressaltou, não pode se ausentar da responsabilidade de garantir que os direitos constitucionais de todos sejam respeitados. “Esse é um princípio que meu governo cumprirá com rigor.”
Eduardo e sua vice, Marina Silva, foram saudados pelos representantes dos pequenos agricultores por serem a primeira chapa à Presidência da República em todos os 50 anos de história da Fetag que foi ao encontro desse importante segmento econômico. No Rio Grande do Sul, de cada 100 propriedades no campo, 86 são de pequeno porte, mantidas pelo trabalho das próprias famílias donas do local. Os candidatos à Presidência da República da coligação Unidos pelo Brasil destacaram o relevante papel econômico dos pequenos produtores rurais para assegurar a diversidade nas culturas agrícolas no país.
Ambos relembraram que suas origens são o campo. O presidenciável viveu até os cinco anos de idade numa propriedade rural de sua família e presenciou a luta de seu avô Miguel Arraes pela reforma agrária em Pernambuco. Por sua vez, sua vice passou os primeiros 16 anos de vida num seringal no Acre e, posteriormente, se juntou ao líder sociambientalista Chico Mendes na defesa da floresta e das condições que assegurassem a sobrevivência dos pequenos agricultores no Estado.
“É preciso manter um diálogo permanente com a agricultura familiar”, disse Eduardo. “Um diálogo que não coopta, que rompa o aparelhamento das instituições públicas e que favoreça o estímulo à inovação para que se aumente a produtividade no campo.”
Para Marina, “temos de ampliar a capacidade de oferta de produtos dos pequenos agricultores. São eles que garantem a diversidade à mesa dos brasileiros”.
A candidata a vice-presidente destacou em sua intervenção que é comum ouvir os equívocos que “ambientalista é contra agricultor”. “São diversos e os mais renomados cientistas dos mais variados países que dizem que, se não cuidarmos do planeta, as mudanças climáticas produzirão efeitos danosos na agricultura do mundo todo. Por isso, nós ambientalistas defendemos não compatibilizar, mas integrar desenvolvimento e meio ambiente. Somos a favor de uma agricultura que dure para sempre. Temos de investir em aumento de produtividade com maior preservação dos recursos ambientais.”