Uma exposição fotográfica em homenagem ao centenário de nascimento de Miguel Arraes, um dos principais líderes políticos de esquerda do país no século XX, foi inaugurada na manhã desta terça-feira, na Câmara dos Deputados, em Brasília.
A exposição está organizada em 12 módulos e pode ser visitada até o dia 7 de janeiro, no Anexo III da Câmara Dos Deputados. Além da inauguração da exposição, foram lançados um cordel, de J. Borges, e um selo e um carimbo dos Correios, em alusão a Miguel Arraes, para serem usados em correspondências oficiais.
A inauguração reuniu o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira; o vice-presidente institucional e governamental do partido, Beto Albuquerque; o presidente da Fundação João Mangabeira, Renato Casagrande; a filha de Miguel Arraes, a ministra do Tribunal de Contas da União, Ana Arraes; o presidente da Fundação Miguel Arraes, Antônio Campos; o líder do PSB na Câmara, Tadeu Alencar (PE), entre outros parlamentares socialistas e de partidos como o PMDB, PT, PSC e Psol.
Carlos Siqueira afirmou que Miguel Arraes, em toda a sua história, simbolizou um “compromisso de mudança do mundo e das relações injustas de trabalho”, mostrando sempre que é possível construir uma sociedade mais igualitária. “(Arraes) juntou no Palácio das Princesas os usineiros, os fornecedores de canas e os trabalhadores rurais para fazer o famoso Acordo do Campo, que garantiu aos trabalhadores, pela primeira vez na história brasileira, que os direitos da CLT se estenderiam a eles também, os direitos mais elementares, que não eram respeitados, e que a partir daquele momento, graças à luta, graças à disposição e a capacidade de diálogo de um governador vinculado ao povo, ele garantiu a esses trabalhadores”, lembrou Siqueira.
Outra ação importante de Arraes citada elo presidente do PSB ocorreu na educação e cultura. “E não era a cultura apenas da elite. E não era a cultura apenas para alguns. Era a cultura popular que se fortaleceu grandemente em nosso estado – aonde, orgulhosamente, nasci – e que as forças populares, ao emergir na política, também na cultura e através da cultura, do Movimento de Cultura Popular, das primeiras experiências de alfabetização de adultos por Paulo Freire à frente da Prefeitura do Recife, tudo isso ficou marcado de forma indelével”, afirmou o socialista.
A mostra fotográfica na Câmara aborda a história de vida e a trajetória política do socialista, desde seu nascimento em Araripe (CE), passando por sua juventude na cidade do Crato (CE) e seu exílio na Argélia após o golpe militar de 1964. A exposição também resgata importantes iniciativas sociais de Miguel Arraes para o povo pernambucano, como o Chapéu de Palha, programa que empregava os boias-frias em pequenas obras públicas durante as entressafras e o Acordo do Campo, que obrigou usineiros a respeitar os direitos trabalhistas dos canavieiros da Zona da Mata. E conta sobre o seu retorno ao país, beneficiado pela anistia, sua liderança no PSB e suas vitórias políticas no período pós-ditadura.
Para o presidente da Fundação João Mangabeira, Renato Casagrande, a exposição mostra que os ideais do líder socialista ainda estão vivos. “A exposição conta desde o momento do nascimento dele até as últimas obras, os escritos dele, passando por um período muito duro de seca do Nordeste, que ele acompanhou pessoalmente, todo esse sofrimento, das pessoas morrendo, e ele acompanhando, o que despertou nele a necessidade de participar mais ativamente da política e de fazer um trabalho que pudesse produzir resultado para a população de Pernambuco e do Nordeste”, complementa o presidente da FJM.
De acordo com a filha de Miguel Arraes, a ministra do Tribunal de Contas da União (TCU), Ana Arraes, a exposição é extremamente significativa e resume os vários momentos da vida do líder socialista. Alguém que teve como um de seus principais legados a preocupação com os brasileiros mais excluídos, ressalta. “A gente tem vários tipos de legado (de Miguel Arraes). A gente não pode tornar uno a vida de 89 anos úteis, uma vida que passou por muitos lugares, conheceu muitas realidades no país, pobres como nós éramos na década de 60, quando ele foi exilado à África, para a qual ele contribuiu não só nas independências, mas também com seu conhecimento. Já sua experiência de gestor, de pessoa que sabia o que administrar. O grande legado de meu pai é o compromisso com aquele que precisa mais”, pontuou Ana Arraes.
Já para o líder do PSB na Câmara, deputado Tadeu Alencar (PE), a exposição mostra que Miguel Arraes foi um “símbolo de resistência, de luta pela democracia, de valores do Partido Socialista Brasileiro”. “Arraes foi o político que na segunda metade do século 20 e no início do século 21 foi o homem que formulou e pensou estrategicamente o Nordeste”, afirmou também o presidente da Fundação Miguel Arraes, Antônio Campos, irmão do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos. “Arraes foi um homem do mundo que não perdeu as suas raízes, Arraes foi o maior laboratório de projetos sociais do Brasil”, complementou.
“A gente espera que mais pessoas, como Miguel Arraes, e outras lideranças que estão aqui presentes façam parte da política brasileira porque a gente precisa de pessoas com essa vocação política, com essa dedicação que a gente sabe que ele empenhou em toda a sua vida pública”, disse o diretor regional dos Correios, Jaime Gomes Cardoso.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional