Projeto de Lei da deputada Janete Capiberibe insere o nome de Aracy de Carvalho Guiramães Rosa, brasileira que salvou judeus do Holocausto, no Livro Heróis da Pátria.
Durante a ditadura totalitária dos nazistas na Alemanha (1933-1945) a Europa foi cenário de um dos capítulos mais tenebrosos da história da humanidade, o Holocausto, que culminou no genocídio de 6 milhões de judeus em campos de extermínio durante a Segunda Guerra Mundial. Mas quando se iniciou a perseguição sistemática aos judeus na Alemanha, em 1938, com a Noite dos Cristais, muitas pessoas arriscaram suas vidas para salvar milhares de perseguidos, principalmente judeus. E um desses personagens heroicos foi a brasileira Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, mulher do escritor Guimarães Rosa, que ficou conhecida como o “Anjo de Hamburgo”.
A história de vida de Aracy, que morreu no ano passado aos 102 anos, ainda é pouco conhecida em seu próprio País. Enquanto trabalhava no Consulado do Brasil em Hamburgo, a brasileira forjava passaportes para ajudar judeus a entrar no Brasil durante a ditadura do Estado Novo, de Getúlio Vargas. O ato de humanidade e bravura é reconhecido no mundo inteiro. Ela é a única mulher a ter o nome inscrito no Jardim dos Justos, no Museu do Holocausto, em Israel. Agora, a deputada federal Janete Capiberibe (PSB-AP) quer o nome de Aracy gravado no Livro Heróis da Pátria, que confere homenagem aos brasileiros que se destacaram por atos de bravura. “Estamos diante de uma heroína convicta. Uma personalidade histórica digna de ser resgatada e incluída também na história do País que ela tanto amou e honrou”, defende a autora do Projeto de Lei 3.435 de 2012.
A dimensão do ato de Aracy ganha proporção quando lembrado que, em 1938, entrou em vigor no Brasil a Circular Secreta 1.127, que restringia o ingresso de judeus no País. Para burlar a medida, a paranaense, que despachava com o cônsul geral, misturava os vistos com a papelada para assinatura e não punha no documento a letra J, que identificava quem era judeu. Casada com o romancista João Guimarães Rosa, autor do clássico Grande Sertão Veredas e que era cônsul-adjunto, Aracy chegou a transportar judeus no próprio carro, escondidos no porta-malas. O casal permaneceu na Alemanha até 1942.
Depois que regressou ao Brasil, a mulher que combateu o nazismo e desafiou os desmandos do Estado Novo, não titubeou em enfrentar a ditadura militar instalada em 1964. Ela livrou políticos, intelectuais, compositores e artistas da violência da ditadura, entre eles o cantor Geraldo Vandré. Se a homenagem for aprovada no Congresso Nacional, o nome de Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, o “Anjo de Hamburgo” passa a figurar ao lado de outros conhecidos heróis brasileiros como Alberto Santos Dumont; Zumbi dos Palmares; Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes; D. Pedro I e Duque de Caxias.