Organizar o sistema econômico de maneira a atender às necessidades sociais, nacionais e mundiais numa perspectiva de sustentabilidade foi considerado, por especialistas e militantes, o desafio central de um governo socialista. A conclusão foi apresentada, na segunda-feira (29) durante a última edição do ano do projeto Segundas Socialistas, dedicada à discussão sobre economia socialista.
O encontro também foi marcado pelo lançamento do vídeo “Economia socialista”, produzido pelo núcleo do Partido Socialista Brasileiro do Distrito Federal (PSB-DF) na Fundação João Mangabeira (FJM). Nele, o presidente da Fundação e primeiro secretário Nacional do PSB, Carlos Siqueira, e os professores doutores da Universidade de Brasília (UnB) Maria de Lourdes Rollemberg Mollo e Sadi dal Rosso apontam deficiências existentes no capitalismo e de que forma a implantação do socialismo poderia estruturar uma economia menos desigual e mais sustentável, no DF e no mundo.
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Dividido em quatro partes com o objetivo de incluir os participantes na discussão iniciada pelas entrevistas, o material audiovisual foi realizado, de acordo com o coordenador de cursos da FJM, Adriano Sandri, com a proposta de fomentar a formação política da militância nas cidades do DF. Intuito também ressaltado pela coordenadora do núcleo do PSB-DF na Fundação, Yara Gouvêa. “É imperativa a necessidade de colocarmos os alicerces para o processo de implantação de uma economia socialista no DF”, defendeu a socialista.
No vídeo, a economista Maria de Lourdes Rollemberg pontuou os desafios para implementar mudanças de sistemas sociais e econômicos. “A grande pergunta a ser respondida, e várias respostas têm sido tentadas nessa direção, é como construir no interior de uma economia capitalista algo que prepare a sociedade para uma sociedade socialista”, analisou. “No ponto de vista teórico tem muita diferença, pois o sistema capitalista se move com o objetivo de lucro e esse é um objetivo individualista. E no socialismo, teoricamente, o objetivo deveria ser a solução das necessidades sociais, de maneira ampla”, explicou.
Para Carlos Siqueira, as diferenças existentes entre os dois modelos residem justamente na política “que (no socialismo) se baseia em valores do socialismo: a igualdade, a fraternidade, da liberdade”. “Valores essenciais que não são incorporados pelo liberalismo, que defende o individualismo, a concentração de riqueza, a despreocupação com a coletividade e, portanto, provocador de desigualdades”, argumentou o socialista. “Na sua essência, no modelo socialista, as propriedades dos meios de produção passariam para o conjunto da sociedade, não necessariamente para o estado, por meio de vários mecanismos. Sairiam da propriedade privada dos meios de produção para propriedade social”, disse Radi dal Rosso.
Ainda na avaliação de Carlos Siqueira, a transformação deve ser embasada por políticas que possam provocar distribuição de renda e a participação dos trabalhadores no lucro e na gestão das empresas. “Com ações que determinem uma nova forma de ver o desenvolvimento e uma nova forma de ver a gerência da economia. Fazer com que o cidadão comum, o eleitor, possa ter também influência no orçamento público, destinando recursos para áreas prioritárias, que devem ser as sociais”, ressaltou, no vídeo, o presidente da FJM.
Ações socializantes
Os aspectos opostos numa economia socialista com relação ao sistema capitalista também foram debatidos a partir da intervenção feita por especialistas entrevistados. Para eles, a construção de um Distrito Federal mais desenvolvido e socialmente igual passa diretamente pela concepção do socialismo, a partir do valor e da prática da democracia. “O progresso no DF ameaça seriamente a sustentabilidade, mobilidade urbana, segurança e qualidade de vida”, pontuou Maria de Lourdes. “Temos visto aqui no DF os governos presos ao poder econômico da região. E isso tem uma interferência extremamente negativa na prestação de serviços públicos essenciais à população”, salientou Carlos Siqueira.
Presente ao debate, o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) avaliou que o grande esforço do partido é conceber políticas que refaçam a lógica do sistema econômico atual e que promova a mudança cultural e de hábitos de consumo, ações possíveis a partir da conscientização. “O desafio do nosso partido é construir engrenagens rumo à uma sociedade mais sustentável com ações e princípios que se aproximem dos ideias socialistas”, destacou o parlamentar.