
Foto: Memorial da Democracia
Um dos maiores líderes da esquerda brasileira, o ex-presidente do PSB, Miguel Arraes, completaria 101 anos nesta sexta-feira (15).
Nascido em Araripe (CE), filho de um pequeno comerciante e produtor agrícola e de uma dona de casa, Arraes teve a vida pública marcada pelo compromisso com a redução das desigualdades sociais, a melhora das condições de vida no campo, a educação de qualidade e a luta em defesa da democracia brasileira.
Formado em direito, foi deputado estadual e federal, prefeito do Recife e governador de Pernambuco por três mandatos.
Em sua trajetória política, Arraes sempre manteve o compromisso com os mais pobres, marcou suas gestões com ações inovadoras e corajosas, com forte ênfase social, e deixou uma marca pessoal de resistência nas mais duras condições, como diante do regime militar, por exemplo.
Primeiro como prefeito do Recife, implantou o Movimento de Cultura Popular em Pernambuco, entre os anos de 1960 e 1961, e depois ampliou as ações do MCP, já como governador de Pernambuco, entre 1963 e 1964. Pelo movimento, milhares de crianças e adultos pobres foram alfabetizados em praças, núcleos de cultura e escolas.
Arraes obrigou usineiros e donos de engenho da Zona da Mata do Estado a estenderem o pagamento do salário mínimo aos trabalhadores rurais (o que se chamou de Acordo do Campo) e deu forte apoio à criação de sindicatos, associações comunitárias e às ligas camponesas.
No dia 1º de abril de 1964, quando governava Pernambuco pela primeira vez, foi deposto pela ditadura militar por se negar a renunciar. Preso por quase um ano em quartéis do Recife de da Ilha de Fernando de Noranha, deixou o país e se exilou na Argélia, onde permaneceu por 14 anos.

Miguel Arraes com trabalhadores do Sindicato da Lavoura Canavieira. Foto: Instituto Miguel Arraes
Com a Lei da Anistia em 1979, Arraes voltou ao país em 15 de setembro daquele ano. Um grande ato, com a presença de milhares de pessoas, foi realizado em Recife para receber o líder político.
Em 1982, foi eleito deputado federal; em 1986, chegou pela segunda vez ao governo de Pernambuco.
Em 1990, já filiado ao Partido Socialista Brasileiro (PSB), se elegeu, novamente, deputado federal, desta vez com a maior votação proporcional do país.
Em 1993, foi eleito presidente nacional do PSB, cargo que ocupou até 2005. Em 1994, voltou ao Palácio Campo das Princesas pela terceira vez. Em 2002, elegeu-se mais uma vez deputado federal.
Arraes morreu aos 88 anos, no dia 13 de agosto de 2005, no exercício do seu mandato no Congresso Nacional. E deixou com um de seus grandes ensinamentos de vida a confiança no papel que o povo deve cumprir na história, não como coadjuvante, mas como ator principal das mudanças.
No prefácio escrito para o livro “Tempo de Arraes – A revolução sem violência”, de Antonio Callado, o líder socialista escreveu: “A lição principal (…) é a de que a presença do povo na cena política muda a natureza das coisas (…) Poderá mudar o Brasil. Construir não o Brasil dos Ludwigs, mas o Brasil dos brasileiros”.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional