O líder do PSB na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), vai pedir que o Ministério Público Federal (MPF) investigue possível abuso de poder, ou uso político da Polícia Federal por parte de Jair Bolsonaro, na ação que apura desvios de recursos públicos para o enfrentamento à COVID-19 no Estado do Rio de Janeiro.
Molon quer que o MPF investigue se houve vazamento de informações sobre a Operação Placebo, já que a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), aliada de Bolsonaro, concedeu entrevista, ontem (26), a uma rádio no Sul do país antecipando que a Polícia Federal estava prestes a deflagrar operações contra desvios na área da saúde nos estados.
O líder da oposição na Câmara afirma que Bolsonaro quer a Polícia Federal “como um braço policial seu, que obedeça a seus comandos, a fim de proteger familiares e amigos, e atacar desafetos”.
“A operação deflagrada hoje foi adiantada ontem por uma de suas maiores aliadas, o que indica que a interferência do presidente na PF está sendo bem-sucedida. É preciso investigação séria, para cortar o aparelhamento pela raiz, sob pena de manchar a reputação da corporação e comprometer o papel fundamental que exerce na nossa democracia”, protesta Molon.
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) já foi um aliado político de Bolsonaro, mas se tornou desafeto do presidente. Nos últimos meses se tornou um dos líderes estaduais mais críticos ao descaso de Bolsonaro frente à pandemia do novo coronavírus.
Hoje, na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro parabenizou a Polícia Federal pela Operação que tem Witzel como alvo. O líder do executivo mudou recentemente a cúpula da corporação, gesto que motivou a saída do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, que acusa Bolsonaro de interferência política na PF.
O Palácio das Laranjeiras, residência oficial do governador, foi um dos doze locais em que a corporação realizou busca e apreensão.
Quinze equipes participam da ação, que tem como finalidade a apuração dos indícios de desvios de recursos públicos destinados ao combate ao coronavírus. Os mandados foram expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Witzel acompanhou as buscas o tempo todo na residência oficial.