"Não há duvida que o Brasil não vem levando esse debate da segurança pública com a seriedade que as populações mais pobres necessitam para sair desta triste realidade. O Senado tem a oportunidade de participar com uma ação de protagonismo no debate da violência urbana no Brasil".
Assim a senadora Lídice da Mata apelou ao Senado pela instalação imediata da CPI para apurar as mortes violentas de jovens negros, cuja composição depende apenas das indicações dos líderes das bancadas. Desde o dia 25 de outubro passado, Lídice já havia coletado 30 das 27 assinaturas necessária para a criação CPI. Na mesma data, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), assumiu o compromisso em Plenário de instalar a CPI.
"Em três dias de greve da PM na Bahia, o índice de homicídios aumentou enormemente, mas não houve uma mudança no perfil das vítimas. Como ocorre em todos os demais dias do ano, as vítimas foram jovens de 15 a 34 anos, do sexo masculino, negros e moradores da periferia", justificou Lídice.
A senadora lembrou que os índices não são diferentes em âmbito nacional. Segundo dados do Mapa da Violência, entre 2002 e 2010, morreram assassinados no Brasil 272.422 cidadãos negros, média de 30.269 por ano. Só em 2010, foram 34.983 mortos. O mesmo estudo, ao analisar o conjunto da população, constata que também entre 2002 e 2010 as taxas de homicídios de brancos caíram de 20,6 para 15,5 (queda de 24,8%), enquanto a de negros cresceu de 34,1 para 36, um aumento de 5,6%. Se em 2002 morriam assassinados, proporcionalmente, 65,4% mais negros do que brancos, no ano de 2010 o índice saltou para 132,3%.
"A CPI abre a possibilidade de discutirmos a desmilitarização das policias, de unificação das policiais, de redefinição do papel dos agentes policiais, de pensarmos uma polícia cidadã e não ela em própria tendo a sua ação como um motivador da geração de mais e mais violência", acrescentou.