Representantes de casas de acolhimento e comunidades terapêuticas para dependentes de drogas de todo o país manifestaram-se nesta quarta-feira (3) na Câmara dos Deputados. Eles pretendiam pressionar os parlamentares a votarem o mais rápido possível o substitutivo do deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL) ao PL 7663/2010, que trata sobre o Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas.
O substitutivo traz definições orientadoras para a implantação do Sistema, como a possibilidade de internação involuntária do usuário de drogas, por decisão de familiar ou agente público. Este, aliás, é um dos pontos polêmicos que foram incluídos no texto, elaborado após dois anos de estudos e discussões em todos os estados do Brasil e também no exterior.
De acordo com o deputado Carimbão, as divergências em torno de alguns pontos do texto são democráticas e devem ser respeitadas, porém, o projeto precisa ser votado o mais rápido possível devido ao gravíssimo quadro de consumo de drogas no Brasil. “É no Parlamento que traçamos os destinos do país, mas quando o tema é polêmico a tendência de muitos é empurrar as decisões com a barriga”.
Outro motivo de discórdia é o acolhimento dos dependentes em comunidades terapêuticas, porque alguns segmentos da sociedade, entre eles o Conselho Federal de Psicologia, acreditam que muitas exerceriam influência religiosa como forma de terapia.
Presente à mobilização, o presidente da Federação de Comunidades Terapêuticas Evangélicas do Brasil, pastor Wellington Vieira, explicou que “os principais instrumentos das comunidades são a convivência social e o acompanhamento multidisciplinar”.
Vieira confirma que em algumas casas de acolhimento haja acompanhamento espiritual, porém com respeito ao indivíduo e função auxiliar na terapia. “O que for necessário para salvar um dependente ter que ser feito”.
O pastor reiterou com veemência que não há internamento involuntário nas comunidades, ao contrário do que opositores ao projeto têm dito em panfletos distribuídos à imprensa e aos parlamentares. “Para ser terapêutica, a internação na comunidade deve partir do próprio indivíduo, tem que ser voluntária”, destacou.
Atualmente no país há 1800 comunidades que abrigam 60 mil dependentes de drogas, mas todas estão lotadas, conforme explicou o pastor Arnaldino de Souza, presidente da Casa de Acolhimento Resgate Monte Sião, localizada em São Sebastião, próximo a Brasília. “A demanda é imensa e precisamos de novas unidades”, pleiteou.