Morre Saturnino Braga, um dos quadros mais relevantes do PSB

Roberto Saturnino Braga, ex-prefeito do Rio de Janeiro e um dos quadros históricos mais importantes do PSB, foi um líder político que deixou uma marca indelével na história do Rio de Janeiro e do Brasil, com trajetória de defesa dos valores democráticos, da justiça social e de um projeto de desenvolvimento do país.

A morte de Saturnino Braga, nesta quinta-feira (3), deixa uma lacuna na política brasileira. Foi o primeiro prefeito eleito de forma direta em 1985, após a redemocratização do Brasil. Sua carreira política começou e terminou no PSB, partido ao qual esteve filiado em três períodos: de 1960 a 1965, de 1987 a 2002 e, mais recentemente, de 2019 até o presente momento. Na última filiação, retornou às fileiras socialistas em um ato com a presença do presidente nacional, Carlos Siqueira.

Se filiou ao PSB pela primeira vez em 1960, depois de decidir seguir os passos do pai e do avô, Francisco Saturnino Braga e Ramiro Saturnino Braga, ambos deputados federais. No partido, integrou a Comissão Executiva Nacional e presidiu a Fundação João Mangabeira, braço de formação da militância.

“Saturnino Braga contribuiu ativamente para a formação de lideranças comprometidas com os valores socialistas. Compartilhou com o PSB os mesmos valores de justiça social e democracia e como parte da história do partido,
exemplificou o compromisso com as reformas sociais e a inclusão popular, princípios que o PSB defende desde sua criação”, afirma Siqueira.Seu primeiro cargo eletivo foi conquistado em 1963, como deputado federal pelo PSB do Estado do Rio de Janeiro. Em 1966, a candidatura à reeleição foi impugnada pela ditadura militar. Na década seguinte, voltou a se candidatar, sendo eleito senador pela primeira vez, pelo MDB, após a instalação do bipartidarismo imposto pelo regime ditatorial.Depois de governar o Rio, Saturnino foi eleito vereador em 1993 e em 1998, sendo eleito, em 2000, senador pelo PSB.

Saturnino foi o parlamentar mais vezes eleito para o Senado pelo Rio de Janeiro, acumulando três mandatos, dos quais dois foram consecutivos (de 1975 a 1986). Na terceira vez, ocupou a vaga entre 2000 e 2007, tendo liderado a bancada socialista na Casa, com desempenho fundamental na articulação de políticas e na defesa dos interesses do Rio e do país. Após o término do mandato, não tentou a reeleição e se retirou da vida pública.

De acordo com o presidente do PSB, Saturnino Braga enfrentou grandes desafios, sempre mantendo seus princípios de honestidade e inclusão social.

“Mesmo nos momentos mais difíceis, jamais se afastou dos valores que orientaram sua vida pública. Após sua gestão como prefeito, continuou sua carreira política como vereador e retornou ao Senado, sempre atuando em defesa das classes populares”, lembra.

Engenheiro formado pela Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ), trabalhou no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), tendo sido aprovado no primeiro concurso público realizado pelo órgão, em 1956.

Recebeu homenagens ao longo da carreira política, como a Grã-Cruz da Ordem do Mérito, e publicou livros sobre economia e política. Um deles, “Contos do Rio”, recebeu o Prêmio Malba Tahan, da Academia Carioca de Letras, em 2000.