A Negritude Socialista Brasileira (NSB), que representa o movimento negro do PSB, deu largada a um projeto intensivo para se preparar para as eleições de 2014. Com o reforço de um site próprio que acaba de entrar no ar – www.negritudesocialista.org.br – e da criação de uma organização suprapartidária que lhe permitirá dialogar diretamente com a sociedade civil organizada, o Instituto Afro Origem, o segmento reuniu no último final de semana em Brasília 33 lideranças de sua Executiva Nacional e do Conselho Político do movimento, vindas de 19 estados.
Segundo a Secretária Nacional da NSB, Cristina Almeida, a Negritude Socialista quer marcar presença nos 27 estados da Federação – hoje está em 23 -, fortalecer e ampliar a militância do segmento e, ainda, atrair novos militantes e lideranças da causa negra para se somar ao PSB nas eleições de 2014. “Estamos nos preparando tanto para ter candidaturas de qualidade da NSB quanto para lutar por um candidato próprio do PSB à Presidência da República”, afirmou Cristina Almeida na abertura do encontro, ao lado da Secretária Especial da Executiva Nacional do partido, Mari Trindade Machado, que fez uma avaliação do cenário político nacional às lideranças.
Mari reforçou as expectativas: “Saímos das últimas eleições, em 2012, um partido mais forte, que afirmou o seu crescimento para além dos resultados numéricos; mas também saímos com uma figura política nacional consolidada, que é o Presidente Nacional do PSB, Eduardo Campos”, avaliou.
Um dos principais objetivos do encontro da Executiva da NSB foi a revisão do Planejamento Estratégico do movimento, construído em 2012 para ser executado de 2013 a 2014. As lideranças fizeram uma avaliação do que a Negritude Socialista avançou e debateram sobre o que ainda falta para atingir as metas ali delineadas. “Avançamos imensamente neste um ano, superamos as nossas expectativas. Hoje temos uma realidade completamente diferente no que diz respeito ao número de candidatos indicados pela NSB ou das candidaturas que têm compromisso com as políticas de promoção da igualdade racial”, destaca Cristina Almeida. Na última eleição, lembra ela, a Negritude deu a sua contribuição para o crescimento do PSB: elegeu um prefeito, dos três candidatos com que concorreu, e também conseguiu eleger 19 dos 180 candidatos a vereador.
“Mas fica também uma interrogação a nos desafiar e que também debatemos neste encontro da Executiva e do Conselho”, aponta a Secretária Nacional da NSB: “Por que os avanços têm acontecido tão lentamente em relação à política de igualdade racial? Será que os 10 anos em que ela está em vigor já não foram suficientes para um projeto maior de Brasil, será que se encontra esgotada?”, questiona.
Ela avalia que houve avanços muito importantes no período, como a criação do Estatuto da Igualdade Racial, via a Lei nº 12.288, de 2010; de uma secretaria de articulação com status de Ministério – a Secretaria Nacional de Promoção da Igualdade Racial (SINAPIR), criada em março de 2003 via a Medida Provisória nº 111, depois convertida na Lei nº 10.678; e a aprovação da Lei nº 10.639, em janeiro de 2003, que tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares.
“Entretanto, temos tido muitas dificuldades de avançar em questões específicas que possam equilibrar a distorção de números entre a população negra e a não negra, como no salário, no grau de escolaridade”, pondera Cristina Almeida. “É preciso superar isso pra gente poder de fato implementar a política pública que realmente a população mais carente do Estado brasileiro precisa”.
É por isso, adianta a Secretária, que a revisão do planejamento ocorrida agora é tão importante. “Vai garantir que o movimento trace um caminho que iremos conduzir no intuito de fortalecer não apenas a Negritude, mas também o PSB. Fortalecendo o partido criamos mecanismos de fortalecimento de uma política que possa ser apresentada e avaliada pela população, para uma mudança estrutural e significativa nas politicas públicas – com as quais iremos disputar nas eleições de 2014”, resume Cristina Almeida.
Afro Origem– Durante o evento, a NSB também apresentou oficialmente às lideranças o Instituto Afro Origem, recém criado para suprir a necessidade do movimento de ter uma estratégia de articulação mais ampliada e dialogar melhor com a sociedade civil organizada. O objetivo com a nova organização, explica a Secretária, é buscar conhecer as reais necessidades da população afrodescendente no atual momento por que passa o país e dialogar com dados consistentes, a fim de avaliar as políticas públicas implementadas e cobrar a sua efetivação diante dos desafios que temos pela frente.
“Sentimos a necessidade de uma instituição não partidária para atuar em todo o país, que, além da maior mobilidade de ação, também nos reforça, acima de tudo, o compromisso de levantar e garantir a voz das pessoas que são atingidas diretamente pelo processo de exclusão, simplesmente pelo fato de serem afrodescendentes”, explica Cristina Almeida. “O Afro Origem é mais um instrumento que irá nos ajudar a realmente construir um Brasil diferente, com garantia de direitos, mas também com garantia de oportunidades para todas e todos os brasileiros”.
De acordo com a Secretária Geral da NSB, Valneide dos Santos, o Instituto Afro Origem é um órgão suprapartidário, ligado diretamente aos militantes e que permitirá à NSB trabalhar fora do partido com maior mobilidade, como, por exemplo, nos conselhos e conferências em todos os estados e até fora do país. “Ele irá nos ajudar e facilitar nesse trabalho”, explicou, reforçando que as metas da NSB daqui pra frente, a partir da revisão do planejamento estratégico, incluem ampliar e fortalecer o movimento em todo o país, garantindo sua presença em todos os 27 estados.
“A nova instituição também deve trazer mais negros e defensores da causa para o partido. Queremos nos fortalecer nos estados e municípios em 2013 e em 2014 viabilizar a eleição de nossas lideranças”, adiantou. “Para isso nos organizamos, uma vez que o partido nos deu a oportunidade de ir para as bases, nos estados, e já temos pronto um impresso com a chamada Negritude é 40, mostrando que o PSB está pronto”.
Valneide também reforçou a importância do site próprio do movimento, que irá permitir à NSB se comunicar mais facilmente com todas as suas lideranças pelo país, divulgar as ações que vêm sendo feitas nos estados e melhorar ainda mais o desempenho das atividades.
Mari Machado avaliou como de fundamental importância o encontro e todas as novas ações nele anunciadas. “Temos o entendimento de que os segmentos são a fonte de informações e de fortalecimento do partido. São eles que trazem as demandas da sociedade para dentro do partido político e, a partir do conhecimento dessas demandas e das lutas dos segmentos, é que o partido formula políticas públicas que podem ser transformadas em ações concretas em seus governos – e que irão transformar, então, as vidas das pessoas”, pontuou.
Segundo ela, a NSB tem papel importante no partido porque abrange um setor da sociedade muito amplo e que tem muitas demandas específicas. “Nós ainda vivemos numa sociedade racista, que tem preconceito contra negros e negras, inclusive na hora de perceber os salários a diferença é grande. A Negritude Socialista é de fundamental importância para orientar a ação de nossos parlamentares, sejam vereadores, deputados estaduais, federais ou senadores, bem como a ação dos nossos prefeitos e governadores”, apontou. “Vamos continuar trabalhando no fortalecimento da NSB e de todos os demais movimentos por entender a sua importância para o fortalecimento do PSB”.