Importante quadro da política nicaraguense, a historiadora Monica Baltodano gravou uma mensagem de agradecimento à declaração de repúdio da Executiva Nacional do PSB contra as “flagrantes violações dos direitos humanos, detenções arbitrárias, julgamentos e execuções sumárias, assassinatos e tortura contra dissidentes políticos” perpetradas pelo regime ditatorial de Daniel Ortega.
Ela esteve reunida nesta quinta-feira (13) com o secretário da Coordenação Socialista Latinoamericana (CSL), Paulo Bracarense, na sede nacional do PSB, em Brasília. Durante a reunião, Monica fez um relato sobre as arbitrariedades praticadas pela ditadura de Ortega para manter o controle absoluto do poder e os momentos dramáticos vividos pelo povo nicaraguense. Também participaram a coordenadora do Núcleo de Gênero da CSL e secretária nacional da Secretaria Nacional de Mulheres do PSB, Dora Pires, e a assessora internacional da CSL, Yara Gouvêa.
“Vim para pedir a solidariedade e expressar nosso agradecimento por quem já nos tem apoiado. Esperamos que o povo brasileiro e a militância do PSB, assim como a militância da esquerda no Brasil, entendam os terríveis e dramáticos momentos que está vivendo a maioria do povo nicaraguense pela falta absoluta de liberdade: liberdade de organização, de associação, de mobilização, de expressão, de imprensa. Todas as liberdades têm sido arrebatadas pela ditadura”, denunciou.
Na mensagem, Monica disse que “é hora de a América do Sul, a esquerda e todos aqueles que respeitam os direitos humanos se unam para essa denúncia pela vida, pela liberdade e pela justiça”, conclamou.
Guerrilheira na Revolução Sandinista de 1979, Monica foi expatriada da Nicarágua em fevereiro deste ano após mais uma escalada autoritária de Ortega. Opositora do regime ditatorial desde 2007, ela foi perseguida e presa em 2019, até ser expulsa do país e ter a nacionalidade revogada. Atualmente, a historiadora e política vive no exílio na Costa Rica.
Em fevereiro, Ortega deportou 222 presos políticos diretamente das prisões para o exílio nos Estados Unidos e ainda aprovou a reforma de um artigo na Constituição para tirar deles a nacionalidade nicaraguense e torná-los apátridas. Dentre os exilados, estavam os sete candidatos que tentaram desafiar o ditador na eleição de 2021 e foram encarcerados. Sem adversários, ele assegurou o quarto mandato consecutivo.
Atualmente existem 37 presos políticos na Nicarágua, dentre os quais está o bispo de Matagalpa, dom Rolando José Álvarez Lago. Por ter se recusado a deixar o país, Álvarez foi acusado de “conspiração” e condenado a 26 anos de prisão.
Mulheres
Segundo Monica Baltodano, as mulheres foram as primeiras vítimas da repressão de Ortega. Centenas delas foram presas e sofreram estupros por se oporem ao regime. A repressão foi denunciada ao Alto Comissariado dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).
“O regime de Ortega vem reprimindo as organizações de mulheres desde 2007, quando assumiu a Presidência. As mulheres foram as primeiras vítimas da repressão ditatorial de Ortega, que se manifestou pelas invasões aos espaços ocupados por organismos de mulheres, como ocorreu com a Rede de Mulheres contra a Violência e o Movimento Autônomo de Mulheres, assim como contra todas as organizações feministas que lutassem contra as violências cometidas contra as mulheres, contra os estupros, contra o aborto mesmo se fosse terapêutico, tornando crime qualquer tipo de aborto”, afirmou Monica em mensagem gravada às mulheres socialistas.
Na mensagem, Monica faz um apelo para a necessidade de as mulheres estabelecerem laços com as organizações feministas para lutar contra o regime repressor de Ortega. “Desde que o regime ditatorial se impôs na Nicarágua, as ações das mulheres foram as mais aguerridas no enfrentamento da ditadura”.
Assessoria de Comunicação/PSB nacional