O lucro das empresas de plano de saúde ultrapassou R$ 14 bilhões em 2010. De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), no último ano, as operadoras faturaram R$ 72,7 bilhão e gastaram R$ 58,4 bilhão no pagamento de serviços e insumos. Por sugestão do deputado Valadares Filho (PSB-SE), o assunto foi discutido nesta terça-feira (13) em audiência pública da Comissão de Defesa do Consumidor (CDC) da Câmara dos Deputados.
Segundo o diretor de Fiscalização da ANS, Eduardo Marcelo de Lima, os insumos hospitalares representam 62% dos gastos com planos de saúde e o pagamento de médicos, 12,7%. Para o representante da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Cid Carvalho, o número é irrisório e os planos de saúde prejudicam o trabalho dos médicos e usuários. “O contrato exige que se tenha uma pré-autorização. Então, o pedido tramita em várias instâncias da operadora e depois vem a resposta de que eles não cobrem o serviço”, relata.
Na briga entre planos de saúde e médicos, quem acaba perdendo é o consumidor. De janeiro a abril deste ano, o índice de usuários insatisfeitos com os serviços prestados pelos planos de saúde dobrou. De acordo com a ANS, as queixas com as grandes empresas cresceram de 0,31 para 0,62 pontos nos quatro primeiros meses do ano. Foram 28.318 reclamações no total. Cláusulas abusivas nos contratos e negação de prestação de serviço estão no topo das reclamações.
Em justificativa, o representante da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), José Abel Alcanfor, argumenta que os 56 milhões de consumidores de planos de saúde realizam em média sete consultas por ano e que isso onera as empresas. Ele aponta que o aumento de doenças graves como a obesidade mórbida onera os planos de saúde. “E uma cirurgia bariátrica, por exemplo, é um procedimento muito oneroso”, justifica.
Ao final da audiência, o deputado Valadares Filho apontou que um dos principais problemas enfrentados pelos usuários do plano de saúde são os constantes reajustes nos preços das apólices. “Vejo que a comissão deu a sua contribuição. Discutiu o problema e lembrou que os planos de saúde não podem realizar um atendimento abusivo em relação ao atendimento de urgência e emergência e também em relação também a questão das faturas, aumentadas abusivamente, sem nenhum explicação contundente”, alertou. Em resposta aos questionamentos em relação aos preços abusivos cobrados pelos planos de saúde, o represente da ANS afirmou que não é possível ajustar os planos de saúde apenas com base na inflação, já que os gastos com insumos na área são sempre superiores