O deputado federal Tadeu Alencar (PE), que preside a Frente Parlamentar em Defesa do Cinema e do Audiovisual, a deputada federal Lídice da Mata (BA) e outros parlamentares da oposição vão protocolar uma representação criminal na Procuradoria Geral da República para responsabilizar o Governo Federal pelo incêndio na Cinemateca de São Paulo, o qual classificaram de negligência e omissão criminosa.
“Esse incêndio que ocorreu na Cinemateca não é um mero acidente. É um crime de lesa-memória. É o resultado de uma política deliberada do Governo brasileiro de atacar todas as nossas instituições culturais, de maneira sistemática e planejada. Não é fortuito. É omissão dolosa”, afirmou Tadeu Alencar.
Para Tadeu Alencar, a indiferença do presidente Jair Bolsonaro e do Secretário Especial de Cultura, Mário Frias, foram fatores determinantes para o incêndio na Cinemateca. Segundo ele, a Comissão de Cultura da Câmara fez diversas audiências públicas para apontar a situação de vulnerabilidade da Cinemateca, que estava “relegada à própria sorte”. A Secretaria de Cultura foi advertida do perigo de incêndio por parlamentares do colegiado.
“Em muitas delas, o Governo Federal sequer mandou um representante. Fizemos uma reunião para discutir a Cinemateca em julho de 2020 e outra em abril deste ano, além de manifestos, ações judiciais, protestos de artistas e amigos da instituição, mas nada foi feito”, protestou.
A Cinemateca está fechada desde agosto do ano passado, quando expirou um contrato entre o governo federal e a organização social que administrava o local. Apenas nesta sexta-feira, um dia depois do incêndio, foi publicado um edital de chamamento para seleção de uma entidade privada sem fins lucrativos para gerir a Cinemateca.
Ao menos três salas do 1º andar — duas de filmes históricos e uma de material impresso e documentos — foram consumidas pelo fogo. Segundo o Corpo dos Bombeiros, as chamas começaram após a manutenção de um ar-condicionado em uma sala da instituição, a mais antiga do tipo na área de cinema na América Latina.
“Essa situação expressa bem a atitude do governo Bolsonaro. É uma atitude de destruição, de falta de zelo, de desrespeito. E no caso do cinema, do audiovisual, até de uma perseguição ao setor”, declarou Lídice da Mata.
Além de Tadeu Alencar e Lídice da Mata, a representação será assinada pelos deputados federais Paulo Teixeira (PT-SP), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Alice Portugal (PC do B-BA), Benedita da Silva (PT-RJ), Maria do Rosário (PT-RS), Áurea Carolina (PSOL-MG), Sâmia Bonfim (PSOL-SP), Alexandre Padilha (PT-SP) e Orlando Silva (PC do B-SP).