Em 2011, as mulheres tiveram um papel fundamental ao tomarem decisões que mudaram o rumo da história no Brasil e no mundo. Alcançaram o poder, mas também mostraram que ainda têm muito a conquistar.
Reportagem especial do jornal Correio Braziliense mostra a evolução feminina no último ano. A líder comunitária, Sandra Tomé, do Partido Socialista Brasileiro (PSB) do Distrito Federal foi um dos destaques da matéria.
“Sandra Tomé nasceu em um lar em confronto. O pai bebia muito e batia na mãe quase todos os dias. Dos seis irmãos, ela foi a única que teve coragem de enfrentar o patriarca. Por isso, muitas vezes sobrava também para ela. Para fugir das brigas e da violência dentro de casa, chegou a morar na rua. “A minha história é a mesma de dezenas de mulheres e crianças ao redor do Brasil. Só quem viveu isso sabe como pode ser traumatizante para cada membro da família”, conta.
Já adulta, começou a se envolver em projetos sociais para que outras crianças não crescessem no mesmo ambiente prejudicial que o dela. Mas foi só em 2009, quando descobriu um curso para promotoras legais populares na Universidade de Brasília (UnB), que ela entendeu a sua vocação. As aulas, que duram um ano, ensinam leigos sobre os direitos das mulheres e a sua aplicação — quais delegacias procurar, como entrar em contatos com defensores público, que tipo de atitudes podem qualificar como abuso. Assim, mulheres de comunidades carentes são capazes de orientar vizinhas e amigas que sofrem violência física, moral ou psicológica.
Sandra fez o curso. Quando se formou, percebeu que as pessoas que se graduaram com ela não conseguiam aplicar o que aprenderam. Em março deste ano, decidiu criar a Associação de Mulheres Promotoras Legais Populares do Distrito Federal. Dentro da entidade, iniciou o projeto Casa Verde Esperança da Mulher (CVEM). A ideia é reunir as pessoas que acabaram o curso, incentivar líderes comunitárias a fazerem as aulas e, assim, ensinar as mulheres de comunidades carentes que sofrem violência a conhecerem os seus direitos. Com isso, Sandra conseguiu criar três núcleos de trabalho no DF: dois em Ceilândia e um em Samambaia.
Cada núcleo tem uma promotora legal popular que orienta cerca de 30 mulheres. Normalmente, elas são vizinhas ou convivem na comunidade. As promotoras abrem suas casas semanalmente para que elas formem grupos de discussão. Vira um espaço em que todas compartilham suas experiências de violência. É nesse momento que as promotoras orientam as vítimas. “A ideia não é incentivá-las a se separar dos maridos. Queremos orientá-las para que elas entendam que existem outras perspectivas de vida.”
Para tanto, é preciso elevar a autoestima dessas mulheres, conquistada com emprego e estudo. “Quando elas começam a pagar pela comida que dão para os filhos, sentem que a posição delas na sociedade muda”, explica Sandra. O problema é que essa transformação modifica a estrutura familiar. Elas precisam mudar a rotina doméstica. Ou seja: arrumar creche para deixar os filhos e convencer os maridos a participar nas tarefas de casa. Na maioria das vezes, essas barreiras impedem que muitas saiam para trabalhar e estudar.
Por isso, o marido é o próximo passo do projeto. Nesses nove meses de programa, Sandra e as promotoras perceberam que os homens dessas comunidades ainda não entenderam o papel do pai na equação da família. A ideia é ensinar para os filhos, na escola, como o pai deve agir dentro de casa. E o filho dizer ao pai qual é o comportamento aceitável. “Quando eu era criança, tudo o que queria era que alguém entrasse na minha casa e falasse para o meu pai que aquela violência era inaceitável.” Sandra está na torcida para que essa cartilha consiga ser implementada nas escolas do Distrito Federal.”
Veja a reportagem completa, publicada no Correio Braziliense, sobre o ano em que as mulheres comandaram o mundo no link: Revista do Correio – O ano em que elas comandaram o mundo (1).mht