“Além da possibilidade [do impeachment], a necessidade se torna ainda mais evidente. Neste momento em que estamos conversando, estamos vendo crise nos mercados, várias estradas federais bloqueadas, inclusive no meu estado, o estado do Maranhão, uma desatinada tentativa de invasão do Ministério da Saúde, em Brasília. Sinais, portanto, de desgoverno, de anomia. Daqui a pouco não haverá condições mínimas de funcionamento do Estado, do aparelho estatal do nosso país, abrangendo os demais Poderes. Eu acho que o parlamento, o Congresso deve adotar uma postura de defesa do país”, disparou.
Dino considera o Centrão como principal barreira à abertura de um processo de impeachment. Ainda assim, é um apoio que pode se descolar do Planalto num futuro próximo, avalia. “[Há] uma parte dos parlamentares atuando de modo muito alinhado ao governo, ainda em face da liberação de verbas, recursos e emendas. Isso é público e notório. O nível de colapso que vai se colocando comprometerá inclusive isto. Ou seja, aqueles que estão pensando que vão liberar emendas para suas bases, seus estados, prefeituras, etc, a esta altura caminham para uma imensa ilusão, tal é a disfuncionalidade que está posta. Então, eu vejo que é necessária uma reflexão ampla por parte desses partidos”, disse.
O governador também destacou um aparente isolamento de Bolsonaro entre os gestores estaduais, que não aderiram às manifestações do Dia da Independência. “A imensa maioria está onde sempre esteve, numa posição de trabalho, numa agenda de trabalho pelo país. E ao mesmo tempo uma postura muito crítica, porque o Bolsonaro não cultiva o chamado Pacto Federativo. Pelo contrário. Ele hostiliza os estados o tempo inteiro, então eu vejo muita indignação. É claro que os governadores têm um papel, nos seus estados, que às vezes dificulta que sejamos nós os vetores da solução.”, apontou, destacando que não houve relatos de indisciplina nas polícias estaduais.
O governador, que é pré-candidato ao Senado em 2022, também abordou o julgamento do Marco Temporal, retomado nesta quarta-feira (8/9) na Suprema Corte. “De um modo geral, há uma atitude errada de confrontação com os direitos dos povos originários. São temas que, mal geridos, poderão resultar inclusive em sanções ao Brasil na arena internacional. Creio que o equilíbrio e o bom-senso devem prevalecer. O STF já se pronunciou, corretamente, de fazer valer a autoridade da CF. Qualquer alteração vem em hora errada. Não é hora de mexer nisso”, pontuou Dino.
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