Os partidos de oposição na Câmara, liderados pelo deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), decidiram nesta segunda-feira (30) que vão representar criminalmente no Ministério Público Federal contra o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo pelo prejuízo causado aos brasileiros nas negociações para compras de vacinas.
“Ernesto Araújo foi o responsável pela condução de uma política externa que levou à falta de vacinas no Brasil, com prejuízos graves para a saúde e para a vida dos brasileiros. Queremos que o Ministério Público Federal investigue a possível prática de crimes nessa condução. É extremamente grave o que aconteceu, não pode ficar por isso mesmo”, protestou Molon.
Diante da desastrosa atuação do chanceler, especialmente ao longo da pandemia, a cúpula do Congresso Nacional, generais próximos a Bolsonaro, empresários e lideranças do agronegócio se uniram nas últimas semanas pela derrubada do ministro, que não suportou a pressão.
Desde o bate-boca nas redes sociais em novembro de 2020, entre o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, em que Araújo saiu em defesa do filho do presidente, o ministro rompeu relações com a missão chinesa em Brasília. O resultado no rompimento da comunicação foi sentido quando o fornecimento de insumos para as vacinas Coronavac e AstraZeneca foi ameaçado por atrasos na exportação de lotes vindos da China.
Com a saída de Ernesto, quem assume a pasta é o embaixador Carlos Alberto Franco França, diplomata de carreira que estava na assessoria especial da Presidência da República.
França ganhou a confiança de Bolsonaro no período em que foi o chefe do cerimonial do Palácio do Planalto. O novo ministro nunca chefiou uma missão diplomática no exterior. Durante a carreira, ele serviu nas embaixadas em Washington (Estados Unidos), Assunção (Paraguai) e La Paz (Bolívia) por duas vezes.
Além do Ministério das Relações Internacionais, Bolsonaro realizou na segunda-feira (30) uma reforma ministerial com outras cinco trocas no primeiro escalão do governo. A publicação do Diário Oficial da União desta terça-feira (30) trouxe mudanças na Casa Civil da Presidência da República, Ministério da Justiça e da Segurança Pública, Ministério da Defesa, Secretaria de Governo da Presidência e Advocacia-Geral da União. O governo conta atualmente com 22 Ministérios.
Bia Kicis no Conselho de Ética
Partidos de oposição também decidiram representar contra a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados após publicação da parlamentar em rede social estimulando um motim da Polícia Militar da Bahia.
Kicis, presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), afirmou no Twitter que o policial morto em Salvador após atirar contra militares era um “herói” e morreu porque se recusou a prender trabalhadores. Após a repercussão de sua fala, a parlamentar apagou a publicação.
Para a oposição, Kicis lidera um movimento com parlamentares extremistas e deve responder por isso. “Este tipo de conduta é criminosa e agora a deputada terá que prestar contas ao Conselho de Ética da Câmara”, afirmou o líder da Minoria na Câmara, deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ).