
Foto: Cristiano Mariz/VEJA
Em dois anos de pandemia do novo coronavírus, a massa da renda salarial dos trabalhadores caiu R$ 18 bilhões no Brasil, descontando a inflação. Eram R$ 250,5 bilhões em fevereiro de 2020, caindo para R$ 232,6 bilhões em janeiro deste ano.
Isso significa que a soma de todos os salários e rendimentos dos 95 milhões de ocupados no país representa menos de um terço do Produto Interno Bruto. Enquanto isso, os lucros e os juros ganharam espaço no PIB.
Segundo um levantamento feito pela Corretora Tuller Prebom Brasil, a fatia de rendimentos do trabalho correspondia a 35,4% do PIB em fevereiro de 2020, antes da pandemia, mas encolheu para 30,2% em abril de 2021, auge dos casos de Covid-19 no país.
Houve abertura de vagas durante a pandemia, mas com salários mais baixos. Nunca o percentual de trabalhadores que ganham apenas um salário mínimo foi tão alto. Atualmente, são 33,8 milhões de trabalhadores com esses baixos salários, 35,3% dos ocupados, de acordo com a LCA Consultores. Em março de 2020, eram 29,2%.
Esse é o maior patamar de toda a série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que começou em 2012.
Com o fim da Política de Valorização do Salário Mínimo, extinta pelo governo de Jair Bolsonaro, há três anos aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) também não têm aumento real, que era garantido para os beneficiários que ganham até um salário mínimo, o que contribui para reduzir ainda mais a massa de rendimentos da população.
Segundo a técnica do Dieese, da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Nacional, Adriana Marcolino, a pandemia provocou um grande impacto negativo no mercado de trabalho, entretanto não foi só esse o motivo do arrocho salarial.
“A pandemia, de fato, provocou um grande impacto negativo no mercado de trabalho, mas no período de reabertura da economia a regra para novas contratações tem sido aprofundar a precarização e informalidade e reduzir salários, facilitadas pela falta de uma ação governamental que procurasse resolver esses problemas”, disse.
Adriana aponta ainda que a Reforma Trabalhista, aprovada no governo de Michel Temer, em 2017, deu início a retirada de direitos dos trabalhadores e a queda dos rendimentos do trabalho.
“Essa queda vem do aumento da desregulamentação da legislação trabalhista, do baixo crescimento, da falta de fiscalização do trabalho, da falta de políticas públicas para gerar empregos de qualidade, do abandono da política de valorização do salário mínimo, é uma lista grande de problemas que o governo brasileiro não está atuando devidamente”, pontuou.
A taxa de desemprego seguirá em dois dígitos por muitos anos ainda, pelos cálculos da LCA Consultores. O índice de equilíbrio é de 9,5%. Hoje, está em 11,2% e não deve ceder tão cedo, acreditam os analistas da consultoria.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional com informações d’O Globo e CUT