Com o propósito de instituir a Semana Nacional de Combate à Obesidade Infantil, o deputado federal Alexandre Roso (PSB-RS), integrante da Comissão de Seguridade Social e Família, promoveu na tarde desta terça-feira (8) audiência pública para ampliar o tema. A influência dos pais e a necessidade de reavaliação da dieta alimentar em casa foram os assuntos em destaque.
Ao abrir o encontro, Roso salientou que a obesidade infantil é um assunto que preocupa os profissionais da área da saúde em função dos altos índices de incidência nos últimos anos no Brasil. "Antigamente, o problema era a desnutrição, hoje é a obesidade, pois cerca de 10% da população brasileira está obesa. O quadro pode ser considerado como uma epidemia." O parlamentar também reforçou que a obesidade precisa ser tratada como doença.
A presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Rosana Rodominski, destacou que o problema está relacionado à realidade da vida moderna e ao aumento da renda das famílias brasileiras. "As pessoas, de um modo geral, se alimentam de forma incorreta, e os pais são os maiores responsáveis pela alimentação inadequada dos seus filhos pois, enquanto a escola tem incentivado uma dieta saudável, eles optam pela comodidade da ingestão de industrializados."
De acordo com a nutricionista clínica Vilma Barros, cresceu muito o consumo de alimentos industrializados pelos brasileiros. "Não chegamos a ingerir nem 50% de frutas e verduras que são recomendados", alerta. Ela também concorda que o problema maior está nos pais, e a escola pode ser uma colaborada para combater essa situação. "A família não tem mais os bons exemplos, então está na escola, por meio de educação nutricional, a possibilidade de conscientizar e fazer com que as crianças possam adquirir essas informações e levar para a família. Então podemos ter nessa criança um adulto que vai fazer boas opções alimentares, isso significa uma qualidade de vida para sociedade melhor e a diminuição do custo para o governo na área de saúde", apontou.
Salgadinho
O diretor da Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen), João Luiz Cesarino da Rosa, salientou que a reeducação alimentar por meio da conscientização é a única alternativa para combater essa epidemia. "É preciso fazer um trabalho de conscientização com toda a família", defendeu.
A coordenadora geral de Alimentação do Ministério da Saúde, Patricia Jaime, avalia o problema como epidêmico e analisa que medidas de combate à obesidade devem ser adotadas. "Essa questão precisa ser tratada com seriedade, tendo em vista as suas consequências quando provoca diversas doenças que levam à morte, como é o caso da hipertensão, da diabetes. Sem contar efeitos relacionados com doenças psicológicas, como o bullying", finalizou.
Patrícia complementou que são louváveis todas as iniciativas para conscientizar a comunidade, as famílias, serviços de saúde e educação, tendo como propósito a construção de uma escola que promova hábitos de vida saudáveis.