Presidente nacional do PSB e candidato do partido à sucessão presidencial, Eduardo Campos está convencido de que o Rio Grande do Sul pode construir as mudanças que a sociedade deseja. Em visita ao Estado, ele demonstrou entusiasmo com a candidatura de José Ivo Sartori (PMDB) a governador, que tem o empresário José Paulo Cairoli (PSD) na vice, e o deputado Beto Albuquerque (PSB) como candidato ao Senado. “Eu estou muito animado com esse conjunto. Esse conjunto representa a possibilidade de o Rio Grande do Sul viver um outro momento, de a gente poder oferecer uma opção que vai unir o Rio Grande do Sul. São pessoas que tem trajetórias reconhecidas pela capacidade de gestão, que o Sartori já mostrou; de liderança que o Cairoli tem em setor importante da economia, o diálogo com o mundo da produção”, afirmou. “Nós, do PSB, oferecemos o que tínhamos de melhor para essa chapa. O Beto é um parlamentar reconhecido em Brasília pela sua capacidade, pela sua postura aplicada nos temas que debate, pelo seu amor ao Rio Grande do Sul, pela dedicação a essa terra”, acrescentou.
Candidato da aliança do PSB com a Rede Sustentabilidade, que conta também com o apoio do PPS, PPL, PRP e PHS, o presidenciável reconheceu a importância da candidatura ao Senado e homenageou o senador Pedro Simon, liderança histórica do PMDB. “Na ausência de um brasileiro da qualidade e expressão do Pedro Simon, eu imagino a responsabilidade que está sobre os ombros de Beto, que é sentar na cadeira que o Simon dignificou no parlamento brasileiro”, comentou Eduardo. “Eu disse que ele deve estar com a mesma sensação que eu tive ao sentar na cadeira de governador de Pernambuco, para substituir um homem como Arraes, que foi um grande amigo e admirador do Pedro Simon”.
Eduardo Campos celebrou a coligação com o PMDB no Rio Grande do Sul e em Pernambuco e avaliou que sua candidatura poderá conquistar apoio de setores do partido em outros Estados.“O que eu vejo aqui é uma grande unidade do PMDB, e a unidade daqui está animando a vinda de muitos peemedebistas históricos, do MDB autêntico, pelo Brasil afora. O PMDB do Rio Grande do Sul e o de Pernambuco sempre foram uma referência importante do PMDB autêntico no Brasil”, afirmou.O presidenciávelparticipoudolançamentodacandidaturadopartidono Mato Grosso do Sul, encabeçada por Nelson Trad, ex-prefeito de Campo Grande, e minimizou eventuais reações contrárias ao alinhamento político com os segmentos mais históricos do partido. “Eu vou estar lá com o senador Pedro Simon e com o Jarbas Vasconcelos. Uma palavra ou outra, uma pessoa ou outra não vai conseguir interromper a força da história, a força das idéias, o desejo de renovar, o desejo de fazer valer esse campo político”, disse Eduardo. “A opção do Brasil é mudar, mas não mudar para o passado, é mudar para o futuro carregando as conquistas que tivemos que são maiores, que qualquer episódio isolado que possamos ter em qualquer Estado do Brasil”.
NOVA POLÍTICA – Em conversa com jornalistas, o presidenciável foi enfático ao defender a necessidade de mudanças no exercício da política e deu exemplos dos momentos em que o Brasil seguiu esse caminho para afastar a incredulidade, principalmente da mídia. Para Eduardo, não há incoerência na proposta de sua candidatura, nem motivos para questionamento. “O que é a nova política? Se eu pudesse resumir, eu diria que é quando os políticos se unem em torno de uma agenda que é da sociedade e não deles”, disse. O socialista lembrou momentos como o da redemocratização do Brasil, a campanha pelas eleições diretas e o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello como ocasiões em que a política ouviu e atendeu à agenda da sociedade. “A nossa coligação não tem nada a ver com a coligação tradicional, nós começamos discutindo um programa. A primeira reunião que nós fizemos chamamos todos os setores para discutir temas que pudessem ter diferenças entre nós, às claras. Quem já fez isso na política? Nós fizemos uma coisa completamente inovadora”, alertou.
Eduardo disse, ainda, que a mudança na política depende de parceira com a população. “Você não imagina que o novo nasça do nada. Até nós, quando nascemos e somos novos, a gente já nasce de alguém. Não tem como ser filho de chocadeira, então, nós temos clareza que o processo, a ousadia nossa de fazer o novo, é fazer um debate programático; é anunciar ao Brasil coisas novas como a agência de regulação que não terá mais indicação política, e sim comitê de busca para quebrar as pernas do fisiologismo; é dizer para o Brasil: olha nós não vamos governar nem com o Sarney nem com o Collor”, acrescentou. “Nós vamos buscar que a sociedade faça mudanças na Câmara e no Senado nos dando a possibilidade de, uma parte o povo fazer com o voto, e a outra, nós fazermos com decisão política”.
Em conversa com jornalistas, o político socialista voltou a descartar qualquer movimento na direção do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, que deixará a corte em junho. “O ministro Joaquim Barbosa marcou a vida do Judiciário brasileiro. Ele tomou uma decisão que só caberia a ele tomar, que é a aposentadoria antes do tempo da compulsória, exatamente passando do prazo de desincompatibilização, que foi o dia 04 de abril para quem é presidente de tribunal. Quando fez isso, ele mandou um recado para todo bom entendedor: vou sair, mas vou sair inelegível, para não ficar essa exploração de que serei candidato e também para me manter distante do processo eleitoral imediato; eu penso que em busca certamente de uma quarentena para depois disso poder tomar a direção que resolver”, disse Eduardo. “Não cabe a nós, que temos respeito e apreço a ele, constrangê-lo com a tentativa de trazê-lo ao front eleitoral, exatamente pelo que ele acumulou de respeito, de admiração, de um certo sentimento da sociedade. Eu acho que essa posição não fica boa nem para nós, muito menos pra ele. Nós precisamos tratá-lo com o respeito que um ministro da Suprema Corte merece”.