A Comissão de Viação e Transportes (CVT) discutiu em audiência pública, nesta quarta-feira (23), a implementação e a obrigatoriedade do uso de simuladores em autoescolas. A grande divergência no caso é a falta de estudos e pesquisas por parte do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que exige, a partir de junho, cinco horas de aulas em simuladores de direção, antes do início das aulas práticas na rua.
Para o deputado federal José Stédile (PSB-RS), o simulador deve ser implementado no cenário nacional. O parlamentar distribuiu, inclusive, folhetos em que defende o uso do dispositivo. Ele afirma ser contra o Projeto de Decreto Legislativo (PDC) 1263/13, que susta a Resolução 444/13 do Contran que normatiza a implementação do simulador em todo o Brasil.
De acordo com o socialista, o uso do equipamento no processo de habilitação dos condutores é um assunto de extrema importância e seriedade. "Essa decisão está diretamente ligada à segurança no trânsito e à redução de acidentes no Brasil", disse.
O socialista afirmou que no RS, pioneiro no cumprimento do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e na Resolução do Contran, a tecnologia foi implantada com sucesso. Dentre as contribuições geradas pelo simulador estão a qualificação da formação de motoristas; a redução nos custos finais da CNH; a geração de novos empregos; o controle de possíveis fraudes no fornecimento de CNHs, pois exige o controle biométrico de cada aluno; entre outros.
A coordenadora-geral de Qualificação do Fator Humano no Trânsito do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Maria Cristina Hoffman, reforçou a ideia de Stédile, de que o dispositivo traz benefício aos condutores. Para ela, o início do aprendizado de direção deve começar em um ambiente seguro, por meio de simuladores, e não na rua. “O candidato passa por situações que muitas vezes não vai ter oportunidade de passar durante as aulas práticas na rua, como por situações de chuva ou na estrada”, explicou.
Segundo o presidente do Sindicato dos Centros de Formação de Condutores do RS (Sindicfc), Edson Luis da Cunha, estudo feito com as primeiras experiências no Estado concluiu que os simuladores de fato qualificam a formação dos condutores. Além disso, conforme Cunha, o gasto extra com os equipamentos é compensado pelo menor número de aulas práticas. "O estudo mostra que 80% dos candidatos fizeram apenas as 20 horas-aula práticas obrigatórias, sem necessidade de aulas extras."
O líder socialista, deputado Beto Albuquerque (RS), defendeu que a experiência continue a ser implementada no estado gaúcho, para que se tenha algum parâmetro e, em cerca de um ou dois anos, possam ser analisados alguns índices, como os de acidentes. "O Rio Grande do Sul tem poucos meses de experiência, outros estados nem têm, não podemos usar os relatórios de outros países. Então para termos o nosso parâmetro não podemos revogar isso a troco de nada”, afirmou.
Para Albuquerque, é hora do Brasil evoluir nesse setor. “Não vamos obscurecer a possibilidade de formar gente adequadamente. Esse país precisa investir nas pessoas e formá-las inclusive no Trânsito”, finalizou.