A convite da Marinha, membros da Frente Parlamentar Mista Proantar do Congresso tiveram a oportunidade de acompanhar, na última semana, a operação logística OPERANTAR XXXI, na Antártida. O deputado federal Gonzaga Patriota (PSB-PE), membro da Frente, falou, nesta segunda-feira (11), sobre a importância do trabalho realizado na base brasileira Estação Comandante Ferraz (EACF).
A operação tem o propósito de apoiar as pesquisas científicas, conduzir o desmonte da EACF e instalar os Módulos Antárticos Emergenciais (MAE) que devem abrigar, no próximo inverno, o grupo da base brasileira. A mudança se deve ao incêndio que consumiu 70% da base na Antártida. Permaneceram intactos somente os módulos isolados para casos de emergência, os laboratórios de meteorologia, de química e de estudo da alta atmosfera, os tanques de combustíveis e o heliporto.
De acordo com Patriota, na nova estação serão instalados 39 módulos que devem abrigar 66 pessoas, além de possuir tecnologia de segurança bastante significativa. Cerca de 530 pessoas – militares e civis, incluindo os pesquisadores – estarão envolvidas nas operações. “A Marinha Brasileira busca uma estação modelo, com a integração entre energias renováveis e fósseis e a utilização de materiais e equipamentos de alta eficiência e fácil manutenção”, ressalta o socialista.
A previsão de investimento do Governo Federal na reconstrução da nova estação é de cerca de R$ 58 milhões, de acordo com Gonzaga Patriota.
Segundo o parlamentar, a Marinha quer utilizar tecnologias que possam ser produzidas e mantidas com mão de obra nacional, mas sem deixar de lado a experiência de outros países com tradição em climas frios. A reconstrução da nova Estação Antártica Comandante Ferraz terá início no verão de 2013/2014, e se desenvolverá de acordo com os requisitos técnicos elaborados por um Grupo de Trabalho Interministerial coordenado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB).
Além dos parlamentares da Frente Parlamentar Mista Proantar, também participaram da operação oficiais generais da Marinha, Exército e Aeronáutica, acompanhados pela equipe do Capitão de Mar e Guerra, Antônio Capistrano Filho, assessor chefe de relações institucionais do gabinete do comando da Marinha.
Programa Antártico Brasileiro
Em 1982 foi criado o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) responsável por incluir o Brasil entre as Partes Consultivas do Tratado da Antártida. O acordo permitiu, desde 1961, a liberdade de exploração científica do continente, em regime de cooperação internacional. Em 1983 o Brasil passou a fazer parte do Tratado e instalou na Antártida a Estação Antártida Comandante Ferraz, com o intuito de fazer pesquisas científicas para compreender os fenômenos naturais deste continente.
O PROANTAR está dividido em três ações governamentais: Missão Antártica – suporta seus aspectos logísticos – executada pela Marinha; Monitoramento das Mudanças Ambientais Locais e Globais observadas no continente – suporta seus aspectos ambientais – executado pelo Ministério do Meio Ambiente; e Fomento à Pesquisa na Antártida – suporta aspectos científicos – sendo executado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O continente
A Antártica é o quinto continente em extensão, com aproximadamente 14 milhões de km2. É tão seca quanto a deserto de Saara e com ventos intensos que chegam a mais de 300 quilômetros por hora, sendo, por outro lado, a região mais alta do mundo, 2.300 metros de altitude, com temperatura média negativa de 6OºC, chegando a 9OºC, no pico do inverno.
Os oceanos, na Antártica, variam de dois milhões de quilômetros quadrados de gelo, no verão, a vinte milhões, no inverno. Cerca de 90% do gelo e 80% da água do planeta, estão armazenados na calota de gelo da Antártica.