O governador do Amapá, Camilo Capiberibe (PSB), proferiu palestra em evento, no Wilson Center, em parceria com a Conservação Internacional. Também palestraram a coordenadora dos Estudos Avançados da Amazônia da USP, professora Maritta Koch-Weser, sobre seu projeto de criação do Campus de Negócios da Floresta; e o diretor-executivo da Conservação Internacional, André Guimarães, que fez questão de enfatizar o papel de liderança do Amapá e do governador Camilo como referência a ser seguida na questão da sustentabilidade.
Durante sua palestra, o governador mostrou a realidade ambiental do Estado, que estabelece 73% de áreas de florestas protegidas, algumas intocáveis, como é o caso do Parque do Tumucumaque e Reserva do Cabo Orange. Ele lembrou aos americanos que todas as terras indígenas do Amapá estão demarcadas, que várias políticas estão sendo desenvolvidas para garantir o aproveitamento econômico das florestas.
"Estamos buscando construir um modelo para chegar ao desenvolvimento com equilíbrio na preservação dos nossos recursos naturais. Vamos financiar o desenvolvimento das cadeias produtivas. No entanto, precisamos rever as políticas ambientais. Hoje, no Brasil, elas não são voltadas para os estados que não desmataram", comentou.
O Estado deve chegar a R$ 50 milhões em investimentos com recursos do tesouro estadual nestes 4 anos em programas variados de redução do desmatamento. Mas, disse o governador, essa responsabilidade tem que ser compartilhada com o Governo Federal e outros investidores.
"Queremos o reconhecimento das instituições financeiras nacionais e internacionais. Somos o exemplo em preservação e merecemos receber pelos nossos serviços ambientais. Por isso, não tenho dúvida que os ativos florestais são viáveis economicamente", afirmou o governador.
Aos ambientalistas, Camilo Capiberibe disse que manter tanta floresta protegida impõe grandes desafios para o Estado, que tem o maior crescimento populacional do Brasil e da região Norte.
"Isso exerce uma pressão muito grande nos equipamentos públicos e ao mesmo tempo exige uma política de inclusão das comunidades tradicionais", falou informando que o Estado desenvolveu um modelo econômico sustentável para transformar riqueza florestal e não florestal promovendo a inclusão social.
O governador citou os quatro principais produtos do Estado no campo do extrativismo vegetal: açaí, castanha-do-brasil, cipó-titica e a madeira. "Todos esses bens podem e devem ser explorados, de forma sustentável, que gere riqueza para a cidade, mas também para viver na e da floresta", pontuou.
Neste sentido, Camilo Capiberibe disse na palestra que o Governo Estadual tem feito investimentos para mudar o modelo da agricultura local, por meio do Programa Territorial de Agricultura Familiar (Protaf), que ao mesmo tempo aumenta a produção da agricultura familiar, reduz o desmatamento e protege a floresta.
"No Amapá, o agricultor só pode usar 20% de suas terras. Isso diminui o espaço de produção. Mas, com esse modelo, estamos aumentando a produtividade, aumentando rendimento e protegendo o meio ambiente", informou.
O governador Camilo Capiberibe finalizou dizendo que o maior desafio é garantir a chegada do desenvolvimento econômico no Amapá, mantendo a política de preservação ambiental.