Autor: JHC (PSB-AL), prefeito de Maceió e ex-deputado federal
Desde a minha eleição para a prefeitura de Maceió, em novembro de 2020, tenho a clareza de que a vacinação contra a covid-19 é o melhor remédio para a volta à normalidade, ainda que de forma gradativa. No entanto, ninguém no final do ano passado ousaria assegurar quando a vacina estaria disponível nem quando poderia ser aplicada. Havia apenas rumores. Tínhamos, portanto, mais perguntas que respostas sobre o processo de imunização.
Em meio às dúvidas, aproveitei o período de transição de governo para estudar mais sobre a doença e questionar especialistas e autoridades a respeito de quais medidas seriam realmente efetivas a fim de nos prepararmos para o período em que as vacinas, enfim, começassem a chegar. Ouvi com atenção várias orientações relevantes, mas uma delas prendeu a minha atenção: “preocupe-se com a logística porque será um trunfo para quem quiser servir bem a população. De que adiantará ter acesso à vacina sem um arranjo eficiente para aplicá-la?”.
Após o aprendizado rápido e intensivo, elegi o combate à covid-19 – em especial a vacinação – como uma das prioridades da minha gestão. Tão logo assumimos a prefeitura no dia 1º de janeiro colocamos em curso um conjunto de medidas para administrar as doses que receberíamos do governo federal. A primeira delas foi elaborar o Plano Municipal de Vacinação já na primeira quinzena de janeiro. A segunda foi ampliarmos a Central Municipal de Rede de Frio com a aquisição de dez câmaras frias e promover melhorias na Central de Armazenamento de Vacinas. No local, instalamos dois geradores, um transformador e uma bomba extra para a captação de água. Sabíamos que tais iniciativas nos permitiriam preservar as vacinas da maneira adequada, seguindo as orientações dos fabricantes, até que pudessem ser aplicadas.
Dali partimos para outro braço fundamental no processo de imunização: recursos humanos. Como havia poucas pessoas para lidar com o novo e complexo desafio, abrimos processo seletivo para reforçar nossas equipes com a contratação temporária de 295 enfermeiros, técnicos de enfermagem, técnicos de informática e auxiliares de serviços para todos os nossos pontos de vacinação e locais de retaguarda. Há algo que merece ser destacado no caso dos profissionais de informática: a presença deles, dentre outros benefícios, propicia a notificação instantânea ao Ministério da Saúde sobre as pessoas imunizadas. Em que pese ser fundamental para a apuração em tempo real do quadro de vacinados, esse procedimento, infelizmente, é raro no país.
Há também, desde o início do ano, foco em campanhas para alertar os moradores da cidade sobre a importância da vacinação, inclusive para não deixarem de lado a segunda dose. Frequentes propagandas em rádio, televisão e posts em redes sociais sobre locais e horários fazem parte do arsenal utilizado pela prefeitura para atrair os cidadãos de Maceió.
Conseguimos, ainda, estender horários de imunização. Há duas semanas, por exemplo, pilotamos o primeiro projeto de vacinação 24h do Brasil em dois drive thrus. Imunizamos mais de 6 mil pessoas no curto intervalo de tempo. Houve até um casal de idosos que compareceu de bicicleta a um dos pontos de vacinação, momento que ficará marcado na minha memória com carinho. A experiência da vacinação 24h foi tão exitosa que esperamos repeti-la em breve a partir da chegada de novas remessas de doses.
Garanto que todos os esforços estão sendo recompensados após três meses da primeira imunização. Maceió hoje lidera no quesito administração de doses – recebidas versus aplicadas – dentre todas as capitais. Segundo informações da Rede Nacional de Dados em Saúde, vinculada ao Ministério da Saúde, de cada dez doses recebidas, nove já foram aplicadas na nossa cidade. Estamos também num seleto rol de cidades que conseguem vacinar pessoas na faixa etária de 60 anos ou mais, bem como pacientes renais crônicos a partir de 18 anos e profissionais de saúde a partir de 34 anos. Pessoas de 59 anos com comorbidades também conseguem ser vacinadas. O avanço na imunização traz outras conquistas. Por exemplo: percebemos pouco a pouco um alívio sobre o sistema de saúde porque há diminuição na necessidade de internação principalmente entre os idosos.
Alguém poderia supor que os resultados alcançados até o momento sejam suficientes para a nossa administração se cobrir de louros e desacelerar o passo. Ledo engano. A despeito de sermos a primeira colocada no ranking de eficiência de vacinação dentre as capitais, trabalharemos exaustivamente enquanto nossa população não estiver majoritariamente imunizada. Acabamos de firmar convênio com a prefeitura do Recife para utilizarmos aplicativo que agiliza o agendamento da vacinação e assinamos protocolos de intenção para a compra de 500 mil doses de duas farmacêuticas, além de termos aderido ao consórcio intermunicipal para aquisição de doses extras de imunizantes.
Estou certo de que a cooperação e diálogo com autoridades de todas as esferas de governo – capazes de garantir o fornecimento regular de doses para a nossa cidade – também nos ajudará a colher resultados cada vez melhores para superarmos este difícil momento. Maceió tem pressa.
*De acordo com a Rede Nacional de Dados da Saúde (https://qsprod.saude.gov.br/extensions/DEMAS_C19Vacina/DEMAS_C19Vacina.html), Maceió tem aproveitamento de 93,4%, maior patamar dentre todas as capitais.