O presidente da Fundação Palmares, João Jorge Rodrigues, disse em entrevista à CNN Rádio, na segunda-feira (1), que a identificação de 1,3 milhão de quilombolas no último censo do IBGE mostra a necessidade de políticas públicas destinadas a essa parcela da população. Segundo ele, o número servirá para “melhorar a vida da população quilombola, como, por exemplo, com programa de bolsa de alimentação”. “Agora, prefeitos, governadores e o governo federal vão saber que precisam voltar os olhos para os quilombolas”, afirmou.
Pela primeira vez, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou dados relativos à população quilombola no Brasil. O Censo 2022 mostrou que o Brasil tem 1,32 milhão de quilombolas, residentes em 1.696 municípios. Significa que mais de 30% do país têm moradores quilombolas em todas as regiões e em quase todos os estados.
Os números inéditos sobre o grupo populacional representam uma reparação histórica.
O Nordeste concentra quase 70% dos quilombolas, com destaque para os estados da Bahia e do Maranhão. Juntos, eles têm 50% dos quilombolas do país. Mesmo com essa concentração, há quilombolas em todas as regiões do país e em quase todos os estados, com exceção de Roraima e Acre. Quase um terço vive na Amazônia Legal.
João Jorge destacou que as comunidades quilombolas sofrem com graves problemas devido à escassez de energia elétrica, de transporte e de escolas. De acordo com o presidente da Fundação Palmares, o governo federal está organizando o orçamento em busca de recursos, com trabalho interministerial para dar assistência a essa população. “É preciso fazer com que esses ativos possam estar presentes para a população quilombola”, defendeu.
Os quilombos eram espaços de liberdade e resistência onde viviam comunidades de pessoas escravizadas fugitivas entre os séculos XVI e XIX. Cem anos depois da abolição da escravidão, a Constituição de 1988 criou a nomenclatura “comunidades remanescentes de quilombos”, expressão que foi sendo substituída pelo termo “quilombola” ao longo dos anos.
“Houve fuga para o interior e a comunidade se organizou em quilombos, nome que vem de regiões da África como o Congo, para sobreviver à margem da sociedade”, explicou João Jorge. “De lá para cá os quilombos continuam existindo na zona rural e urbana e, após a Constituição de 1988, brigamos por reconhecer quilombos como território nacional”, completou.
Assessoria de Comunicação do PSB Nacional com informações da CNN Rádio e do G1