O vice-presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Roberto Amaral, e o primeiro secretário Nacional, Carlos Siqueira, receberam nesta quinta-feira (29), o embaixador da Argélia no Brasil, Bennaoum Djamel Eddine Omar. O encontro foi realizado na sede nacional do partido, em Brasília.
Foram discutidos vários assuntos como a reforma política – em debate nos dois países, a história do PSB, do Brasil e da Argélia.
Para o embaixador, a “grande libertação nacional é a Esquerda”. Ele explicou que entre os anos de 1991 a 2000, 150 mil argelinos foram vítimas do terrorismo e nos últimos onze anos, o País passa por um processo de redemocratização. “É um processo difícil, mas nós conseguimos vencer o terrorismo. A base política da Frente Islâmica não existe mais”, afirmou.
Roberto Amaral, que explicou a história do PSB e do Brasil, disse que para o processo de redemocratização como o debate da reforma política é “necessário e de grande importância a participação da sociedade”.
Carlos Siqueira disse que a reforma política deve representar o avanço. “O importante é não encerrar a discussão e mobilizar a população para que a reforma política não se transforme em um retrocesso”.
Roberto Amaral convidou o representante da Argélia e os partidos políticos da esquerda daquele país para participar do Congresso Nacional do PSB que será realizado em dezembro. “O PSB é um amigo e este encontro é apenas o ponto de partida para o intercâmbio nas áreas como agricultura, ciência e tecnologia”, enfatizou o embaixador Djamel.
Grupo Brasil-Argélia
A Câmara dos Deputados relançou, nesta quarta-feira (28), o Grupo Parlamentar Brasil-Argélia. O objetivo é trocar experiências e estreitar as relações com os parlamentares da nação africana. “A reabertura desse grupo tem não só um laço político com a Argélia e sim afetivo e cultural”, destacou a presidente do colegiado, deputada Ana Arraes (PSB-PE).
No ato, Ana Arraes emocionou os convidados lembrando dos anos de exílio que seu pai, Miguel Arraes, viveu na Argélia. “Se meu pai continuasse no Brasil, os militares encontrariam uma forma de prendê-lo. Ao buscar o exílio, não encontrou apenas uma embaixada. Encontrou um país amigo. Um país muito parecido com o nosso, com um povo muito hospitaleiro”, lembrou.
Ana Arraes também destacou que o grupo quer contribuir para aumentar a cooperação internacional dos dois países já que hoje a Argélia é o segundo país africano com maior número de acordos comerciais com o Brasil. “O nosso objetivo é aumentar isso, mas também estabelecer relações culturais”, finalizou a deputada.
O embaixador da Argélia no Brasil, Djamel Eddine, explicou que as relações bilaterais entre os dois países iniciou, democraticamente, quando o Brasil reconheceu a independência da Argélia, que foi dominada pelos franceses até 1692. “Hoje temos uma relação comercial muito forte”, destacou.
O embaixador também aproveitou para comentar a “Primavera Árabe”, série de protestos nos países árabes que culminou com quedas de governo e regimes na África mulçumana. “Posso dizer que a Argélia passou por essa etapa há 20 anos, quando a nova constituição instituiu o multipartidarismo, imprensa livre e eleições frequentes. Temos um perfil democrático ao contrário de muitos dos nossos vizinhos”, destacou.
Além da deputada Ana Arraes, fazem parte do grupo da deputada Sandra Rosado (PSB-RN) e deputados Pedro Eugênio (PT-PE), Paulo Rubem Santiago (PDT-PE), Wolney Queiroz (PDT-PE), Chico Lopes (PCdoB-PE), Silvio Costa (PTB-PE) e Francisco Praciano (PT-AM).
História
A Argélia, país localizado ao norte da África, tem relações de reciprocidade com o Brasil. Nos anos 1960, no auge da Ditadura Militar, deu exílio a Miguel Arraes. No país africano, Arraes teve contato com outros políticos brasileiros que foram símbolo de uma geração, como Fernando Gabeira, Leonel Brizola e o ex-presidente de Portugal Mário Soares. Também foi na Argélia que Arraes trabalhou ativamente pela libertação dos países africanos de língua portuguesa.
*Com informações da Assessoria de imprensa da Liderança do PSB na Câmara.