Ex-ministro Roberto Amaral, vice-presidente do PSB, alerta para a existência de gargalos no sistema de distribuição brasileiro e diz que o problema é histórico e causado pela falta de investimentos em geração por meio de usinas hidrelétricas
O Brasil está prestes a passar por uma crise energética, afirma o vice-presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), o ex-ministro de Ciência e Tecnologia Roberto Amaral. De acordo com ele, o sistema elétrico carece de investimentos e problemas no fornecimento só já não estão ocorrendo por conta do desempenho da indústria, que continua abaixo do necessário ao País. O maior nó, conforme o ex-ministro, que ontem visitou o Jornal do Commercio, está na cadeia de distribuição de energia. Ele também chamou a atenção para o atraso nas obras da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). Leia abaixo, a entrevista do vice-presidente Nacional do PSB, Roberto Amara, ao Jornal do Commercio do Rio de Janeiro. Repórter – Fábio Teixeira.
Fábio Teixeira
O Brasil está prestes a passar por uma crise energética, afirma o vice-presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), e ex-ministro de Ciência e Tecnologia Roberto Amaral. Em visita ontem ao Jornal do Commercio, o político afirmou que o sistema de distribuição de energia do País carece de investimentos e que problemas no fornecimento só não ocorrem por conta do baixo desempenho da indústria. “Só não há um problema grave porque o crescimento da indústria está abaixo do que precisamos”, disse Amaral.
Para o vice-presidente do PSB, o problema é histórico, causado pela falta de investimentos em geração de energia por meio de hidrelétricas desde o final da ditadura militar no Brasil, em 1985. Ele chama atenção para o atraso nas obras da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA). “Há oito anos se tenta iniciar as obras. Quero saber o que os promotores e juízes dirão se o racionamento voltar a ocorrer.”
Segundo o ex-ministro, porém, o grande problema do setor hoje é a cadeia de distribuição de energia. Para ele, a privatização de distribuidoras durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso levou a baixos investimentos na rede. De acordo com Amaral, várias distribuidoras estariam com problemas financeiros.
Amaral chamou atenção também para a situação econômica internacional. Na opinião do ex-ministro, o momento atual deve ainda piorar no futuro próximo. “A crise veio para ficar”, disse que, que colocou o modelo capitalista como causador da recessão mundial. “A crise é do modelo capitalista, não foi a bolha de crédito nos Estados Unidos, e não foi a anarquia financeira a causadora”.
Economia chinesa
Para o ex-ministro, a crise se fez anunciar no passado recente no Japão, na Europa e no próprio estados Unidos. Amaral afirmou que o Brasil também já é afetado, e que uma desaceleração maior da economia chinesa seria desastrosa pra o País.
O político disse que o rumo tomado pelo governo de ampliar o crédito para empresas e pessoa física está correto. “A alternativa ao problema do baixo crescimento, no momento, é aumentar o investimento privado por meio de maior acesso ao crédito”, disse ele. Amaral, no entanto, criticou a atuação das empresas operando em território nacional que, de acordo com ele, investem pouco.
Amaral enfatizou que hoje o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro está abaixo do necessário para um país em desenvolvimento. “Para nós, o ritmo não pode ser menor do que 5%.” Nas projeções do ex-ministro, a expansão do PIB deverá ficar entre 2% e 3% neste ano.