Os preparativos e a expectativa de resultados da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, foram tema de audiência pública na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, nesta quarta-feira (04). Foram convidados, o presidente dos Comitês Olímpico Brasileiro (COB) e Organizador da Olimpíada 2016 (CO-RIO), Carlos Arthur Nuzman, o chefe da Missão Brasileira e ex-jogador de vôlei, Bernard Rajman e o superintendente Executivo do COB, Marcus Vinícius Freire.
O deputado federal Romário (PSB-RJ) fez pouco mais de dez perguntas aos integrantes da mesa, mas não obteve respostas satisfatórias. O ponto alto da audiência, no entanto, foi quando o socialista sugeriu ao COB que aplicasse a Lei de Acesso à Informação nas contas da entidade para, assim, oferecer ainda mais transparência sobre o uso dos recursos públicos que recebe. “Seria simpático e importante que o COB divulgasse seus balanços para que o povo tenha acesso a esses dados”. A Lei de Acesso à Informação foi sancionada no ultimo mês pela presidente Dilma.
Carlos Arthur Nuzman ficou surpreso com o questionamento e foi sucinto ao responder, “todas as contas do COB são transmitidas online aos portais de transparência do CGU e TCU.” Sem segurança no que falava, repassou a pergunta ao diretor financeiro do COB, Sérgio Lobo, que confirmou a informação. Incisivo, Romário emendou: “E os salários também estão no portal?”. Sob risos de deboche dos presentes, Lobo negou um tanto constrangido: “Não, os salários não são disponibilizados nos sites dos órgãos”.
Logo após a reunião, o parlamentar do Rio de Janeiro lamentou: “Uma das coisas mais importantes é a transparência ao que se refere aos salários quando pagos pela administração pública e, infelizmente, os do COB não estão sendo divulgados”.
Em outro momento de tensão para os representantes do COB foi quando Romário trouxe à tona a prestação de contas dos Jogos Panamericanos do Rio de Janeiro, em 2007. Pressionado, Nuzman garantiu que os deputados podem confiar nos Jogos Rio 2016. “Começamos a trabalhar no dia seguinte em que fomos eleitos”, ressaltou. “Importante destacar que obras e construções não são obrigação do COB, mas dos diferentes níveis de governo”, completou sem levar em consideração o relatório do TCU lido pelo deputado Romário no início da sessão.
No documento, o então ministro relator do Pan do Rio, Marcos Vilaça, co-responsabilizou o CO-Rio pelo “planejamento precário que permeou o evento”.
Acessibilidade
Defensor das causas das pessoas com deficiência na Câmara Federal, Romário pediu veemente ao presidente Nuzman que levasse a acessibilidade em conta na organização dos Jogos Olímpicos 2016. “Conto com seu empenho para garantir conforto e segurança a essas pessoas nos estádios durante as Olimpíadas”, enfatizou. Romário aproveitou para pedir também que parte dos lucros dos Jogos seja destinado às pessoas com deficiência e às pesquisas sobre doenças raras, assim como foi inserido no artigo 29 da Lei Geral da Copa.
Carlos Arthur Nuzman se comprometeu a fiscalizar e a cobrar a aplicação da acessibilidade nas obras das Olimpíadas do Rio de Janeiro e informou que o COB conta com uma profissional para cuidar desta área. “Nós trouxemos uma expert em sustentabilidade e acessibilidade para garantir que sejam respeitadas. É uma brasileira que estava trabalhando havia cinco anos no Comitê Olímpico Internacional e vem para poder atender essa demanda”, concluiu.