Em audiência pública, nesta terça-feira (1), na Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados, Romário (PSB-RJ) defendeu a criação de uma confederação para gerir o futebol feminino no Brasil. Para o parlamentar, só uma entidade específica conseguirá alavancar a categoria. Presente na reunião, o supervisor do Departamento de Futebol Feminino da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ronaldo Santos, disse que a modalidade é o “patinho feio” da CBF.
“O ideal seria criar uma Confederação Brasileira de Futebol Feminino, o problema é que, infelizmente, o presidente (da CBF) e seu vice enxergam (o futebol feminino) como mais um ganha pão particular para eles, então, eles não darão espaço para que seja criada uma nova confederação”, declarou Romário.
A situação é tão ruim que a entidade não paga nem a passagem das jogadoras. “Se precisar pagar a passagem de uma competição ela não vai. Essa é a realidade”, contou Ronaldo Santos.
De acordo com o Ministério do Esporte, representado na audiência pelo secretário nacional de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, Toninho Nascimento, a CBF investe R$ 4 milhões, por ano, no futebol feminino. O investimento é pífio, se comparado ao masculino. Só na série D do campeonato brasileiro, por exemplo, são investidos R$ 40 milhões anualmente. Toninho disse que o problema como “monstruoso”, porque nem a CBF investe na categoria, nem aceita investimento público, como ocorre com outros esportes. “O ministério quer investir, mas a CBF não quer. O futebol feminino fica no limbo”, declarou. Ele também acredita que a criação de uma Confederação Brasileira de Futebol Feminino seria a solução.
O ex-técnico da seleção feminina de futebol, René Simões, acredita que o problema maior do futebol feminino é a CBF e, por isso, a discussão sobre o futebol feminino não deveria ser discutida no âmbito da comissão, e sim, dentro da própria CBF. “Ainda bem que o ministério está entrando, mas não deveria. Desculpe, mas o esporte de alto nível não deveria estar sendo discutido nesta mesa, o esporte de alto nível são para as confederações que discutem o esporte de alto nível … seleção permanente, formação de jogadores, visando ganhar uma medalha olímpica, ser campeã mundial. Devemos pensar isso em termos da Confederação Brasileira de Futebol”, declarou. René lembrou que, já em 1994, ele defendeu a criação de uma liga de futebol feminino nos moldes da liga de voleibol. O grupo seria formado por dez times e teria duração e um ciclo olímpico, quatro anos.
Ao final da reunião, Toninho anunciou uma reunião com a CBF e a FIFA na próxima quarta-feira para discutir o assunto.
Campeonato Brasileiro – Romário ainda reclamou do fato de um campeonato brasileiro de futebol feminino, promovido este ano, estar sendo realizado por uma empresa terceirizada da CBF. A competição foi viabilizada por uma parceria do Ministério do Esporte com a Caixa Econômica Federal e a confederação. O patrocínio da Caixa será R$ 10 milhões e a empresa de marketing esportivo SportPromotion, será responsável pela comercialização campeonato.